Este blog tem como objetivo trazer reflexões bíblicas, filosóficas e educacionais que estimule a fé o pensamento critico e o respeito pela vida.

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A maravilhosa disposição e harmonia do universo só pode ter tido origem segundo o plano de um Ser que tudo sabe e tudo pode. Isso fica sendo a minha última e mais elevada descoberta. Issac Newton. No princípio criou Deus os céus e a terra. Gn. 1.1
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Apostila Estudos para aconselhamento familiar


 

 

Sumário

 

PREFÁCIO

INTRODUÇÃO.. 5

I. O OBJETIVO DO ACONSELHAMENTO CRISTÃO E A ASSISTÊNCA ÀS FAMILIAS. 6

1.2 O que a igreja deve estabelecer quanto ao tratamento dado as famílias?. 7

II. IGREJA: COMUNIDADE DE TRANSFORMAÇÃO.. 7

2.1. O que a igreja está fazendo de prático e eficaz na busca de soluções para os casais e casamentos que estão em crise, por fim pelas famílias?. 9

2.2. Seria correto ter um ministério específico trabalhando de forma intensiva com casais e famílias?  10

2.3. A dimensão da crise de relacionamentos de casais dentro das igrejas hoje é tão grande, que se constitui num desafio para a liderança. 11

III. O PERFIL DO ACONSELHADOR (A) 12

IV. A NATUREZA HUMANA.. 13

4.1. As respectivas funções do espírito, da alma e do corpo. 20

V. O QUE FAZER COM TODAS ESSAS INFORMAÇÕES. 21

VI. ORIENTAÇÕES PRÁTICAS. 23

5.1 Autoridade da Bíblia. 23

5.2. Conectando com quem precisa de ajuda. 25

5.3. Investigação. 26

     5.4. Esperança.............................................................................................................28

CONSIDERAÇÕES FINAIS. 29

BIBLIOGRAFIA.. 29

REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS. 30

 


 

PREFÁCIO

           

Existe hoje uma necessidade urgente, os tempos mudaram e a maneira de pensar e de se relacionar entre as pessoas também, pois, cada geração que vem surgindo tem se deparado com um mundo de realidades diversificadas, um mundo de transformações constantes e rápidas. O desenvolvimento tecnológico a proliferação do relativismo moral, cultural e religioso com uma exacerbada secularização tem afetado a humanidade de forma epidêmica, gerando conflitos em todas as áreas da vida humana.

Vivemos um período em que, o que era padrão moral no passado hoje não passa de pensamentos arcaicos. As mudanças no comportamento humano, os conceitos que outrora regiam a vida em sociedade já não são válidos como padrões de conduta nesta nova realidade.

Diante desse fato, percebemos que a família tem sido a grande vítima neste processo radical de mudanças, primeiramente pelo conflito entre gerações, tensões e insegurança, falta de harmonia nos lares tem causado grande prejuízo não somente a sociedade como um todo, mas também a igreja do Senhor Jesus Cristo.

Outro problema de grande proporção e que tem afetado a vida cotidiana das pessoas é a desigualdade social, corrupção, racismo, violência, a mídia como formadora de opiniões, o excesso de religiões e seitas todas lutando para ganhar fieis. Mesmo os cristãos mais bem preparados e espirituais enfrentam as mesmas lutas dos não cristãos Mat.7.24 - 27.

No entanto, muitos têm se esquecido de que Deus estabeleceu princípios, em sua Palavra, com os quais podemos defrontar com as temporais situações da vida, Jesus disse: “Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão” Mc. 13.31. ARC. Desta forma é necessário que haja obreiros (as) e crentes (casais) preparados para atuarem no ministério de aconselhamento e acompanhamento e de assistência a casais e famílias.

E é por esta razão que iniciamos a escrita desta apostila. Esta breve apostila tem como propósito ajudar a todos aqueles que sentem em seu coração não somente o desejo, mas, também a chamada para atuarem neste tão importante e necessário ministério, sabemos que muitos dirão que esse tipo de trabalho é trabalho exclusivo do pastor, concordamos plenamente. Contudo, devemos nos lembrar de que a igreja de Jesus Cristo é um corpo, em que os vários membros são necessários e têm utilidades e dons diferentes que foram concedidos por Deus para um bom funcionamento, desempenho e edificação dos santos, (cf. 1 Cor. 12). Assim, diante da dura realidade de um mundo que jaz no maligno (cf. 1 Jo. 5.19), a igreja que está inserida neste contexto, deve e precisa fazer a diferença, e desta forma, se faz necessário que tenhamos como já dito obreiros (as) e crentes preparados para juntos com suas lideranças, atuarem para o bom andamento e conservação dos santos, das famílias e da saúde espiritual de toda a igreja.

Os assuntos que serão abordados nesta apostila visam preparar homens e mulheres para atuarem na recuperação de relacionamentos familiares, conjugais, ou seja, casamentos e famílias que estejam atravessando um momento de crise, situações que envolvam pais e filhos, bem como relacionamentos interpessoais entre parentes, e entre irmãos na igreja utilizando o método do aconselhamento cristão e assistência familiar. Portanto é fundamental que aqueles que se disporem a esse ministério tenham conhecimentos da natureza humana, de técnicas de aconselhamento e principalmente intimidade com as Escrituras e sejam cheios do Espírito Santo.  

Não pretendemos aqui apresentar receitas milagrosas, mas, nossa finalidade é introduzir e capacitar aos irmãos (as) a saberem melhor a ajudar famílias à luz da Palavra de Deus, utilizando também aspectos multidisciplinares, como a psicologia e sociologia entre outras quando necessário na prática pastoral lembrando que nossa principal fonte é as Escrituras Sagradas e a total dependência do Espírito Santo (cf. Jo. 14.26), contudo, entendemos que quando for necessária uma intervenção médica isto também será levado em conta. Que Deus nos ajude nesta jornada para que possamos continuar a ser uma igreja que faz a diferença, a igreja sal da terra e luz para este mundo (cf. Mat. 5.13-16).

 

 

Ev. Marcos Moraes de Paula[1]

 

 


INTRODUÇÃO


“Milhares de pessoas conduzem suas vidas em silencioso desespero”

“As coisas não mudam; nós é que mudamos”.

Henry David Thoreau

           

Primeiramente, queremos destacar que todos os males existentes na vida humana são uma clara evidência e consequência do pecado (cf. Gên.3) que se tem enraizado na alma do ser humano. Iniciamos nosso estudo com esta declaração, devido ao grande número de opções em que as pessoas hoje têm se apoiado para dar explicações quanto à conduta do ser humano e suas ações. Na Bíblia, a palavra "hamartia" é frequentemente usada para se referir ao pecado. Na história de Adão e Eva, a hamartia é retratada como a desobediência deles a Deus ao desobedecerem a uma ordem direta de Deus ao comerem o fruto proibido da árvore do conhecimento do bem e do mal. Isso levou à sua expulsão do Jardim do Éden e à introdução do pecado no mundo. A hamartia é vista como uma falha humana em seguir os mandamentos divinos e tem consequências graves. Uma das definições bem simples quanto ao pecado, é errar o alvo, porém, sabemos que a doutrina do pecado vai muito além desta simples definição.

 Deus criou o homem a sua imagem e semelhança com propósitos divinos de abençoá-lo e de ter com o mesmo um relacionamento de comunhão e amor. O homem reflete a imagem de Deus como um ser que é relacional. Ele não é um ser que vive isolado, assim como Deus não vive só. Deus é Tripessoal, e se relaciona entre as pessoas da Trindade (Gên. 1:26 - "Façamos o homem ..."). O homem é uma pessoa, e como tal ele se relaciona. Foi por isto que Deus lhe fez uma companheira. O homem reflete a imagem de Deus pela sua capacidade de dominar sobre as outras coisas criadas. O homem foi colocado como "senhor" da terra, para governá-la e cuidar dela (cf. Gên. 1:26 - 28). O domínio do homem sobre as coisas criadas é parte essencial de sua natureza. Nesse sentido, o homem imita o Seu Criador, pois Deus é o Senhor Soberano e Absoluto exercendo domínio sobre toda a terra, Onipotência, Onisciência, Onipresença, Eternidade e Imutabilidade são atributos que só Deus possui. 

Infelizmente estes conceitos e verdades têm sido combatidos como argumentos ineficazes para dar explicações palpáveis aos complexos problemas da humanidade contemporânea, principalmente os que não creem em Deus e na sua Palavra. Sabemos que Deus criou o homem e a mulher dando início a maior instituição existente na face da terra a família. Portanto, a família é a célula “Mater” da sociedade. Porém, hoje, o conceito de família tem se deteriorado e são inúmeras as causas, não podemos falar de uma única razão, mas de um conjunto de situações e fatores que envolvem os relacionamentos interpessoais.

As estatísticas apontam um crescimento no número de divórcios no Brasil, hoje em cada quatro casamentos um não dá certo, a elevação das taxas de divórcio revela uma gradual mudança de comportamento da sociedade brasileira e o número de divórcio entre crentes já é o mesmo dos de outras religiões ou sem afiliação religiosa[2]. Os motivos são diversos podemos subdividi-los em dois tópicos principais: primeiro, os problemas que afetam os cônjuges; segundo os problemas de ordem geral. O que nos chama a atenção é que no meio evangélico, a taxa de divórcio também é alarmante. Desta forma, é extremamente importante termos na igreja um departamento de aconselhamento e assistência familiar, visto que somente o pastor da igreja na maioria das vezes não consegue dar conta de atender e trabalhar em todas as demandas necessária existentes hoje na igreja. É por isso, que a AD Brás São Caetano na pessoa de seu presidente pastor Marcos Roberto Dias abre as portas para a criação deste tão importante departamento.

 

I. O OBJETIVO DO ACONSELHAMENTO CRISTÃO E A ASSITÊNCA ÀS FAMILIAS.

            O objetivo do aconselhamento cristão é identificar as causas dos distúrbios ou sofrimentos emocional ou psicológico pelos quais as pessoas estão passando, ajudando-a a avaliar modos equivocados de pensar (que são contrários à visão de mundo cristã, baseada nos princípios da Palavra de Deus) e comportamento pecaminoso.

            Uma vez identificada as causas do problema, estratégias são traçadas para mudanças internas duradouras, que possam trazer transformação na maneira de pensar, sentir e agir.  

            No âmbito da assistência às famílias na igreja, se refere fornecer apoio emocional e espiritual, ajudar a fortalecer os relacionamentos familiares e fornecer recursos para enfrentar desafios e crises e a lidar com dificuldades financeiras.

 

1.2 O que a igreja deve estabelecer quanto ao tratamento dado as famílias?

Segundo Josué Gonçalves algumas perguntas são necessárias para definirmos o papel da igreja com relação ao tratamento dado aos casais e famílias, para que tenhamos uma linha de leitura:

1. Qual é a consciência da igreja como comunidade terapêutica?

2. O que a igreja está fazendo de prático e eficaz na busca de soluções para as famílias e os casamentos em crise?

3. Seria correto ter um ministério trabalhando de forma específica com casais e famílias?

4. A dimensão da crise de relacionamentos de casais e famílias dentro das igrejas hoje é tão grande, que se constitui num desafio para a liderança.

            A partir destas questões vamos iniciar procurando estabelecer o propósito da igreja de Cristo neste contexto de desarmonia, e divergências que tem imperado não só no Brasil, mas, no mundo.

 

II. IGREJA: COMUNIDADE DE TRANSFORMAÇÃO

 

            Segundo Israel A. Ferreira (2001, p. 21), o propósito para o qual Jesus estabeleceu a igreja: Transformar o mundo. A igreja existe para mudar a história do mundo e das pessoas, transformar vidas em nome de Jesus. A igreja deve ser um instrumento de transformação da sociedade. Jesus edificou a sua igreja para dar sequência ao seu revolucionário ministério. A visão de Jesus sobre a igreja era de uma comunidade poderosa capaz de revolucionar o mundo. Jesus atuava, com os vários tipos de pessoas da sociedade, os rejeitados, enfermos, os pobres, os oprimidos, os caídos, os religiosos, ricos, enfim não havia preconceito nem exclusão de ninguém, a preocupação do Senhor Jesus era tirar o homem da cegueira espiritual em que vive.

Na época do Senhor Jesus a família, que recebia a denominação “Casa” estava muito enfraquecida, por vários motivos, injustiça social, preconceito racial, pobreza, excesso de deuses, enfermidades, muitas religiões e seitas entre outros fatores que não vamos examinar neste trabalho, até porque viviam em contextos diferentes do nosso, mas, na prática eram problemas iguais aos nossos. Não podemos nos esquecer de que hoje existe um agravante em que somos oito (8) bilhões de pessoas no mundo o que aumenta ainda mais o volume de situações que precisam ser tratadas e consideradas pela igreja que é a única que recebeu do Senhor poder, autorização e incumbência de transformar o mundo pela pregação do Evangelho.

É importante salientar que, quando vamos tratar com pessoas na igreja o primeiro passo é, saber se houve um verdadeiro nascer de novo, ou seja, se esta pessoa ou casal nasceu verdadeiramente na linguagem cristã se houve uma real conversão. Dentre os vários aspectos que envolvem o ser humano, uma vez que, nosso tema é família, temos que ter em mente que famílias são constituídas de pessoas, seres humanos que possuem espírito, alma e corpo e que cada um apresenta características diferentes em relação à personalidade, emoções, temperamentos, maneira de pensar etc.

Destarte, o segundo passo, para um trabalho de aconselhamento e assistência à casais e famílias é entender o ser humano em toda sua essência, terceiro é imprescindível que o conselheiro (a) tenha a sua própria experiência de salvação e uma vida emocional equilibrada, um temperamento controlado pelo Espírito Santo, e uma família estruturada, uma vez que aqueles que estarão à frente do trabalho precisam ser exemplos, pois, cuidar de vidas exige um controle intenso das próprias emoções, comportamentos e convicções firmes quanto àquilo que crê, é preciso dizer como o apóstolo Paulo “... eu sei em quem tenho crido”, (1 Tm. 1. 12b).

Biblicamente, o homem quando aceita Jesus Cristo como salvador recebe o selo do Espírito Santo (Ef. 1. 13), que lhe é a garantia de que agora está pessoa pertence à família de Deus. Daí em diante inicia-se o que chamamos de regeneração, que significa uma total mudança na vida, modo de pensar, agir e interpretar as situações existentes no mundo a sua volta e na sua própria vida. Pessoas transformadas podem ajudar pessoas que estão em processo de transformação. Paul Hoff (1996, p.12), diz; muitas pessoas ao nosso redor estão feridas e despojadas de paz e de alegria que deveriam ter como herança em Cristo. Tensões, insegurança, ansiedade, desvios morais, infelicidade conjugal, adolescentes, jovens problemáticos caracterizam nossa sociedade.

Diante desse fato a igreja necessita ter no rol de membros e obreiros (a), pessoas capacitadas para atuarem com famílias em crise. Talvez alguém possa dizer que somente aqueles que têm formação acadêmica em psicologia, psiquiatria ou sociologia é que tenham capacidade de trabalharem nesta área. A verdade é que se tivermos pessoas nestas condições ótimo, mas, cremos que um bom treinamento com crentes equilibrados, chamados por Deus, mesmo que não tenham formação acadêmica nestas áreas, mas que apresentem frutos de crentes maduros, experientes compromissados com Deus e sua obra e que amem as pessoas, o Espírito Santo concederá a unção, graça e sabedoria para este importante ministério. É preciso que a igreja tenha uma programação voltada para este tema não apenas uma ou duas vezes ao ano, mas, sim um trabalho sistemático, pois, como disse Thoreau, “Milhares de pessoas conduzem suas vidas em silencioso desespero”, e o mais grave muitas delas estão dentro de nossas igrejas. Como disse o pastor Josué Gonçalves; “Uma igreja com propósitos sérios tem compromisso com prioridades ajustadas”. Devemos nos perguntar, o que fazer para salvar casamentos em crise e fortalecer aqueles que estão bem encaminhados?

 

2.1. O que a igreja está fazendo de prático e eficaz na busca de soluções para os casais e casamentos que estão em crise, por fim pelas famílias?

 

            Reconhecemos que atualmente os trabalhos que enfocam casais, famílias e seus problemas cotidianos não tem sido suficientes para atender a demanda, uma vez que, o índice de casais evangélicos que se separam tem aumentado consideravelmente, filhos de crentes que deixaram a igreja e o mais impressionante é que uma grande parte destes são de obreiros (as), homens e mulheres que deveriam ser o exemplo dos fieis (1. Tm. 4. 12b). Na verdade, os crentes que chegam a este extremo na vida conjugal e familiar, talvez nunca participaram de um trabalho com casais em suas igrejas, ou mesmo por um aconselhamento pastoral. Charles L. Allen (1981, p. 9), já dizia que a função essencial do “cristianismo” é conseguir um perfeito ajustamento entre a mente e a alma humana, ele faz menção das palavras do grande teólogo Agostinho, “Minha alma está inquieta, e sempre estará, enquanto não encontrar seu repouso em ti ó Deus”. A obra que Cristo realizou tem como propósito justamente isso libertar a alma do pecado e recolocá-la em comunhão com Deus, ainda nas palavras de Charles, curar significa levar o paciente a um entrosamento correto com as leis físicas, mentais e espirituais de Deus.

Atualmente muitas igrejas fazem uma programação chamada encontro de casais, onde um pastor é convidado para ministrar uma palestra com temas relacionados à vida conjugal e familiar, alguns desses abençoados homens de Deus possuem formação acadêmica nas áreas da psicologia, psiquiatria e também da sociologia. Tudo isso é de muita relevância, mas, não tem sido o suficiente para os inúmeros casos e problemas conjugais que acorrem silenciosamente em nossas igrejas. É necessário que haja um ministério especifico para o aconselhamento e acompanhamento de casais, visto que, nem sempre o pastor da igreja tem condições de atender a todos os casos que surgem envolvendo casais. É preciso, orar para que Deus levante pessoas capacitadas, é necessário que haja um planejamento direcionado para esta finalidade de alcançar tanto os casais em crise, quanto aos que não estão vivendo em crise, ou seja todas as famílias preparando-os para possíveis momentos de crises.

Alguns fatores que devem ser considerados na construção deste ministério são imprescindíveis o primeiro é: “ganhar a confiança dos membros da igreja”, o que quero dizer é que, o maior problema em detectar as dificuldades que um casal está atravessando ou família é a falta de confiabilidade que uma boa parte dos membros na igreja sente em relação as suas lideranças. Tudo isso, porque pastores e dirigentes de igreja ficam usando como exemplos situações que muitas vezes tratam em seus gabinetes, outros falam de situações que enfrentaram em outras igrejas. E ainda dizem: não vou citar nomes. Isto é extremamente ruim, uma vez que, quem está ouvindo, pode pensar; se o pastor, dirigente de congregação ou mesmo um líder de departamento está falando do caso de outras pessoas ou famílias, pode muito bem falar do meu problema em público também. Desta forma, muitos têm perdido a confiança em se abrir com o pastor ou dirigente da igreja e até mesmo uma liderança de departamento. Este quadro tão sombrio precisa ser revertido, o que poderá ser feito, com um bom e preparado ministério para casais e famílias.

 

2.2. Seria correto ter um ministério específico trabalhando de forma intensiva com casais e famílias?

 

            A primeira medida a ser tomada na criação desse departamento está ligada ao entrosamento entre a liderança da igreja e aqueles que serão escolhidos para este trabalho. As mesmas qualificações que o apostolo Paulo indica na escolha de obreiros na casa de Deus (1 Tm. 3. 1 – 13; Tit. 1. 5 – 9), servem para designar aqueles que assumirão este ministério com casais, sempre com a supervisão do pastor da igreja. Com uma diferença, não precisa ser exatamente um obreiro (a) consagrado (a), pode ser crentes que comprovadamente tenham a habilidade reconhecida pela igreja e ministério, que apresentem ter a confiança dos de dentro assim como dos de fora, que estejam dispostos a enfrentar este grande desafio. Reconhecemos que não é do dia para a noite que formaremos um departamento assim na igreja e imediatamente seja reconhecido e procurado pelos membros da igreja, como já mencionamos é preciso ganhar a confiança da igreja, para que com o decorrer do tempo o departamento ganhe forças e se desenvolva de forma sadia.

Cremos ser correto um ministério para casais, partindo do princípio de que ninguém vive sozinho, precisamos uns dos outros, atualmente as obrigações do pastor tem se intensificado, é visita ao enfermo, compromissos no culto, cuidar da própria família, alguns trabalham secularmente enfim uma serie de tarefas nas quais muitas vezes não sobra tempo para atenderem a todas as demandas que surgem diariamente na igreja, outrossim, muitas vezes o cansaço físico chega, pois, pastores são também de carne e osso e precisam de descanso. Assim como temos um departamento infantil, adolescentes, jovens, irmãs, irmãos o ministério (obreiros) da igreja, um departamento para tratar casais e famílias será de grande utilidade e valor para o reino de Deus.

2.3. A dimensão da crise de relacionamentos de casais dentro das igrejas hoje é tão grande, que se constitui num desafio para a liderança.

            Segundo Hoff (1996, p. 19), todas as pessoas têm necessidades sociais, físicas e psicológicas que devem ser satisfeitas para que elas desfrutem de uma boa saúde mental. Entre as principais necessidades sociais encontra-se a necessidade de segurança, de aprovação, de ter amigos, de obter êxito ou de conseguir algo útil, e de estar livre do menosprezo social. A pessoa necessita também sentir-se segura quanto às necessidades materiais básicos, tais como o meio de ganhar a vida, um lugar onde possa morar e projetar algo para o futuro.

Não podemos negar o grande crescimento que tem ocorrido na igreja evangélica brasileira, não iremos discutir a qualidade desse crescimento, mas, com este crescimento também sobreveio os desafios e dificuldades que as pessoas enfrentam no seu dia a dia. Uma vez que, se tornar um cristão não é sinônimo de vida sem problemas e dificuldades, pelo contrário (Jo. 16. 33), ser um cristão autêntico é entrar numa guerra espiritual que envolve todo nosso ser, (Ef. 6. 10 -18) e que provavelmente irá durar por toda vida terrena que tivermos.  O conselheiro precisa estar ciente de quais são os vários tipos de problemas que possivelmente irá se deparar ao ser procurado por um casal ou mesmo por cônjuge. Vejamos apenas alguns dos que são qualificados como os mais comuns que afetam os cônjuges:

1.      Brigas por ciúmes, por causa das amizades do outro;

2.      Dinheiro, (a falta do dinheiro, gastar muito, não ter um planejamento financeiro etc.;

3.      Falta de atenção, um com o outro e as vezes com os filhos;

4.      Falta de diálogo,

5.      Discordância na criação de filhos.

6.      Se um dos cônjuges é obreiro (a) e outro não aceita;

7.      Entro outros.

            As responsabilidades com respeito às mudanças que um casamento pressupõe, ele (a) não aceita o crescimento profissional ou mesmo espiritual do outro, ele (a), não se dá bem com a família do outro, a forma de educar os filhos etc., um vem de uma família aglutinada, outras de família dispersas ou esparssadas[3]. Estes são apenas alguns dos tantos problemas e dificuldades que o conselheiro terá que estar habilitado para tratar, esses são problemas de certo modo fáceis de tratar, mas, existem problemas mais complexos e íntimos como adultério, traumas emocionais, problemas sexuais, frustrações, temperamento e traços no caráter que não foram detectados durante o namoro e noivado que surgem depois de casados, manias que irritam o outro, mau humor crônico etc.

            Como podemos notar nesta síntese, são vários tipos de situações que o conselheiro (a) enfrentará no exercício deste ministério, como já mencionamos muitos vão achar que para tratar esses problemas somente profissionais habilitados ou o pastor da igreja, não pensamos desta forma cremos que existe entre o povo de Deus pessoas que podem exercer esta função, e repetimos pessoas bem treinadas, com desejo e dependentes do Espírito Santo.

III. O PERFIL DO ACONSELHADOR (A)

 

            O conselheiro (a) deve ter consciência de que este ministério deve ser exercido por aqueles que se preocupam (Empatia) com o bem-estar das pessoas, objetivando compreender seus problemas e orando com elas e por elas e contribuindo na medida do possível para a solução ou mesmo alívio na vida dessas pessoas frente as situações difíceis que surgem em sua vida. Com o aconselhamento se tem a oportunidade de ajudar a curar os quebrantados de coração e a dar vida espiritual aqueles que perderam seu vigor e prazer de servirem ao Senhor. As vezes pessoas se sentem desorientadas mesmo estando frequentemente dentro da igreja. O conselheiro (a) precisa ter uma percepção muito grande da parte do Espírito Santo para perceber detectar se aproximar e assim, ajudar está pessoa, casal ou até mesmo uma família inteira.  

Antes de tratarmos da natureza humana, vamos analisar que tipo de pessoas, ou melhor, qual o perfil ideal para um conselheiro (a) eficaz. Poderíamos relacionar algumas qualidades como: empatia, respeito, sigilo, sobriedade, domínio próprio, imparcialidade, capacitação teológica, e preparo espiritual. No entanto quero destacar a linha de abordagem do pastor Josué Gonçalves quando diz:

 Nenhum outro modelo se equipara a Jesus quando se trata de                                                   "aconselhamento". Sua personalidade, Seu conhecimento e Sua habilidade capacitaram-no eficazmente para assistir às pessoas que precisam de ajuda. Jesus, como Mestre da sensibilidade, fez uso de técnicas de                                                   aconselhamento, de acordo com a situação, com a natureza do                            aconselhado e com o problema específico. Em algumas situações, Ele ouvia cuidadosamente as pessoas, sem dar muita orientação às claras, mas, em outras ocasiões, Ele ensinava incisivamente. O Mestre sempre encorajava e apoiava, embora também confrontasse e desafiasse. Como conselheiro, Ele era absolutamente honesto, profundamente compassivo, altamente sensível e espiritualmente amadurecido.

 

                Não podemos nos esquecer da maior de todas as virtudes que havia no coração do Senhor Jesus e que deve prevalecer na vida do conselheiro (a), amor, sobretudo porque o cristianismo foi estabelecido mediante o sacrifício expiatório de Jesus Cristo na cruz do calvário, ato que é declarado nas Escrituras como o amor de Deus pela humanidade, (Jo. 3. 16), e o próprio Senhor Jesus disse “Por isso o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém a tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder dá-la e poder para tomá-la. Esse mandamento eu recebi de meu Pai.” Jo. 10. 17 – 18, (ARC), ninguém pode dar a sua própria vida a alguém se não a amar.  O apóstolo Paulo em sua primeira carta aos coríntios no capitulo treze declara que o amor é maior do que qualquer dom que o homem possa receber, e quando ele se refere aos pilares do cristianismo, ele diz: “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor”. I Co. 13. 13 ARA. Ser imitador de Cristo com toda a certeza nos conduzirá a conquistar as pessoas, obter sua confiança a ponto de elas procurarem os conselheiros (as) da igreja para receberem aconselhamento e auxílio. Contudo, não basta apenas quer ser um conselheiro (a) é preciso conhecer um pouco também da natureza humana, uma vez que está pessoa irá trabalhar, ou seja, irá lidar com pessoas, como já dito, não é preciso ser um especialista em outras áreas do conhecimento, mas é necessários conhecimentos básicos com respeito a natureza humana. E isto é o que veremos no próximo tópico.

 

IV. A NATUREZA HUMANA

 

            Deus criou o homem a sua imagem e semelhança, vimos que o pecado deformou de certa forma a natureza humana, mas, graças à misericórdia e amor de Deus, Jesus veio para novamente nos conduzir a sermos seres humanos a sua própria imagem. Paulo faz uma referência a este assunto, “Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conforme a imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” Rm. 8. 29. ARA. Jesus o Deus que se fez carne e habitou entre nós, andou pela Palestina ensinando e pregando o Evangelho da salvação, Ele é o modelo de pessoa, ou seja, de ser humano desejado pelo Pai, pois, mesmo sendo homem e Deus ao mesmo tempo, como homem foi tentado como todos nós, mas sem pecado (Hb. 4. 14 – 16). Jamais conheceremos o ser humano em sua totalidade como o Senhor Jesus conhecia e conhece. No entanto, Deus por sua misericórdia tem habilitado homens e mulheres que no decorrer da história da humanidade foram desenvolvendo técnicas, habilidades, ciências, como a psicologia, psiquiatria dentre outras para que nós nos conhecêssemos melhor.

Não existe nada de errado em utilizar estas ciências na busca de um aperfeiçoamento e entendimento do comportamento humano. Cremos que o Espírito Santo é quem transforma o homem numa nova criatura, mas, também não podemos negar que outras ciências também foram permitidas por Deus aos homens para que fossem utilizadas para o nosso próprio bem. O motivo desta palavra é em razão do argumento de muitas pessoas que acham que não precisamos de outras fontes para resolver situações na existência, ou seja, na vida humana, se fosse assim não haveria doentes, nem pobres nem pessoas emocionalmente abaladas, sentimentos de inveja, solidão, desigualdade social etc., dentro de nossas igrejas. A utilização de outras ciências de maneira nenhuma anula a nossa fé, assim como não substitui nossa principal fonte de vida que é a Palavra de Deus e o agir do Espírito Santo em nós.

Não dependemos de outras ciências para recebermos a salvação da nossa alma, o sacrifício de Jesus é completamente suficiente, mas, enquanto não partirmos para o mundo vindouro, vivemos no plano material da vida humana e nesta vida humana e material precisamos sim muitas vezes da ajuda externa de outras ciências que nos auxiliará na compreensão do comportamento humano. Conhecer a estrutura humana através da psicologia, por exemplo, nos ajudará a perceber melhor os tipos de pessoas com as quais iremos tratar. Vejamos alguns exemplos da relação de comportamento e relações funcionais pelo víeis da psicologia:

Comportamento:

Ø  Ações – evento público

Ø  Pensamentos – evento privado

Ø  Sentimentos – evento privado

Eventos públicos (agir)

Conjunto de comportamentos visíveis desenvolvidos pelo organismo. Exemplos: escrever, andar, piscar, beijar, falar etc.

Eventos privados (sentir e pensar)

Ø  Sentir- Emoções

Ø  Sensações

Ø  Sentimentos

 

Ø  Pensar - Pensamentos

Ø  Conceitos

Ø  Fantasias

Ø  Imaginações

Ø  Raciocínio

Ø  Tomada de decisões

O Sentir

Sensações: respostas sensoriais aos estímulos ambientais, uma percepção direta do nosso estado corporal. Êx: sentir fome, sono, sede, frio, calor. São respostas as variáveis organísmicas, químicas, como por exemplo: drogas, alimentos, medicamentos, os processos metabólicos do organismo, a química cerebral que pode levar a mudanças comportamentais.

Nossos órgãos sensoriais detectam todo o conhecimento que temos do mundo. Êx: temos células fotoelétricas no olho. O comprimento das ondas é a mesma que chega aos olhos de todas as pessoas, mas o que é diferente é como cada um percebe esse ver. Isso é evento interno e, portanto, subjetivo. Não podemos sentir o que outro sente, por isso é um comportamento privado de quem está sentindo. Nesse sentido somos solitários no mundo. Só você sente o que você sente.

Emoções: é a nossa capacidade de perceber os mais variados sentimentos. Alegria, tristeza, medo e raiva são as emoções principais.

Sentimentos: vergonha, ânimo, desânimo, amor, prazer, inquietação, inadequação, humilhação, importância, satisfação e outros tantos. Êx: sentir tristeza e vazio quando está em tensão pré-menstrual.

O lado emocional está equilibrado e saudável quando apresenta a capacidade de perceber os mais variados sentimentos em conformidade com a situação vivenciada. Quando estou vivenciando uma perda, me entristeço; quando estou sendo injustiçada, me enraiveço; quando ocorre a frustração de um sonho ou de um projeto, fico desanimado; quando meu time ganha, fico alegre; se algo muito importante para mim se concretiza, exulto.

O Pensar: nosso pensar (fantasias, imaginações, raciocínio, etc.) estão controlados por eventos antecedentes e possuem consequências. Esses eventos estão no meio ambiente.

Meio ambiente: não se pode entender comportamento sem um contexto, sem a descrição de eventos antecedentes e consequentes do evento descrito. Por isso os conceitos de comportamento e ambiente são interdependentes, um não pode ser definido sem referência ao outro. O agir, o sentir e o pensar estão em função de variáveis ambientais (meio ambiente) que são os eventos antecedentes e consequentes. Note bem que não é o homem e sim o comportamento do homem que está sendo interagindo constantemente com os estímulos que antecedem o seu comportamento, e o seu comportamento está constantemente tendo consequências no ambiente e sendo interagido por elas.

Relação funcional: antecedentes - comportamento – consequentes

Antecedentes

Comportamento

Consequentes

Variáveis históricas da vida de cada indivíduo; ambiente físico, social, histórico e cultural.

1- Eventos privados (sensações)

2- Eventos públicos (ações)

3- Eventos internos (reações fisiológicas)

Todos esses eventos estão sob controle de antecedentes e consequentes.

A consequência pode ser positiva ou negativa, depende da história de cada pessoa.

O que pode ser positivo para um, pode ser aversivo para outro.

 

Meio ambiente (estímulos) = as influências sobre o organismo que determinam o comportamento; tudo aquilo que afeta o comportamento. Um estímulo é um ‘pedaço’ do ambiente que pode ser interno ou externo ao organismo.

Os homens agem sobre o mundo, modificam-no e, por sua vez são modificadas pelas consequências de sua ação (Skinner, 1978). Assim, além de conhecer o organismo e as suas interações, é necessário conhecer os diversos ambientes o qual um organismo pode se interagir. O ambiente que o indivíduo interage pode ser analisado sob dois prismas (Todorov, 1999):

- O ambiente externo, dividido em físico e social,

- O ambiente interno dividido em biológico e histórico.

O ambiente externo é alterado pelo comportamento por meio de ações mecânicas sobre ele e pelas interações do indivíduo com o social. O ambiente interno é formado pelos processos biológicos e as experiências passadas de cada pessoa afinal o organismo transporta consigo os resultados de suas interações passadas.

Observamos, acima alguns aspectos humanos a partir de uma visão psicológica. Agora vamos analisarmos o homem no conceito religioso, ou seja, homem, espírito, alma e corpo. Vamos abordar um assunto de muita relevância no processo de compreender as pessoas e suas reações e formas de agir. Partindo dos tipos de temperamentos, veremos o princípio da teoria dos quatro temperamentos isso muito nos facilitará quando precisarmos avaliar certos tipos de comportamento. Segundo, Tim Lahaye (2000, p. 7), o mundo antigo estava cônscio das grandes anomalias de comportamento, mas geralmente as atribuía à intervenção dos deuses, e assim não podia estudá-la com objetividade.

Hipócrates (460 a 370 A.C), porém, se opunha ao sobrenaturalismo, defendendo a ideia de uma orientação biológica, e assim, desenvolveu uma abordagem empírica à psicopatologia. Sua maior força estava na exatidão de suas observações e em sua capacidade de registrar cientificamente as conclusões a que chegava. Como resultado de suas observações, Hipócrates distinguiu os quatro temperamentos: o sanguíneo, o melancólico, o colérico e o fleumático. Não vamos abordar a história e desenvolvimento da psicologia, somente estudaremos sinteticamente a teoria dos quatros temperamentos que é a mais conhecida e aceita no meio evangélico e a teoria mais antiga nesta área de estudos da personalidade humana.

            Tim lahaye, (1974, p. 12), diz que, todas as pessoas herdam um temperamento básico dos nossos pais, o qual contém forças e fraquezas. Segundo ele precisamos de início fazer uma diferenciação entre temperamento, caráter. Lahaye descreve da seguinte forma:

                                                  Temperamento: O temperamento é a combinação de características congênitas que subconscientemente afetam o procedimento do indivíduo. Essas características são coordenadas geneticamente com base na nacionalidade, raça, sexo e outros fatores hereditários. Essas características são transmitidas pelos gens. Alguns psicólogos chegam a insinuar que herdamos mais gens dos nossos avós do que dos nossos pais.

 

 

                                                  Caráter: O caráter é o verdadeiro eu. A Bíblia se refere a ele como a essência secreta do coração. É o resultado do temperamento natural burilado pela disciplina e educação recebidas na infância, pelos comportamentos básicos, crenças, princípios e motivações. É algumas vezes, denominados a alma do homem, que é composta de cérebro, emoções e vontade.  (Lahaye, 1974, p. 12).

 

 

                Vamos agora analisar o conceito personalidade, o conceito de personalidade é bastante amplo, pois inclui conceitos e termos como sejam os de traços, estados, qualidades e atributos, todos eles variáveis na constância ou nas alterações de comportamento, referem-se estes, por exemplo, às motivações, aos estilos de atenção, às manifestações emotivas ou à eficácia. Nenhum ser humano mostrará traços que já não existam em outros indivíduos, como uma espécie de patrimônio do ser humano, ou seja, a todos os indivíduos de uma mesma espécie são atribuídos os traços característicos dessa espécie. Porém, a combinação individual desses traços em proporções variadas numa determinada pessoa caracterizará sua personalidade ou sua maneira de ser. (AUWEELE, CUYPER, MELE E RZEWNICKL, 1993)[4]. Para Lahaye, personalidade é o semblante de nós mesmos, que pode ser ou não igual ao nosso caráter, dependendo de quão autêntico sejamos. Personalidade é um conjunto de qualidades que caracterizam uma pessoa pelo qual a distingue de outra. Como podemos observar o conceito de personalidade é bastante diversificado e amplo, se fossemos procurar encontraríamos muitas outras definições.

Vamos analisar cada tipo de temperamento deforma bem resumida. Algumas pessoas são 100% definidas, mas a maioria tem percentuais de dois ou mais temperamentos. O Quadro abaixo tipifica o perfil das características positivas e negativas dos temperamentos.

 

Sanguíneo                                                            Colérico

         Qualidade                 Defeitos                                Qualidades           Defeitos

Comunicativo           Impulsivo                    Enérgico                         Iracundo

Entusiasmado           Indisciplinado            Resolvido                        Impaciente

Simpático                  Egocêntrico                Independente                  Prepotente

Compreensivo           Barulhento                 Otimista                          Intolerante

Bom companheiro    Exagerado                  Líder                               Insensível

                                                                        Audacioso                       Estúpido                         

                              

 

Melancólico                                                       Fleumático

           Qualidades              Defeitos                               Qualidades          Defeitos

Habilidoso                 Egoísta                        Calmo                             Temeroso     

Minucioso                  Mal-humorado         Eficiente                           Indeciso

Sensível                      Confuso                      Prático                            Calculista

Perfeccionista            Antissocial                  Líder                               Introvertido                                                 

Idealista                     Crítico                         Diplomático                    Desmotivado

Dedicado                    Inflexível                     Bem-humorado              Desconfiado

 

          

 

            É importante entendermos que, este é apenas uma sinopse bem básica desta teoria, existe muito mais conteúdo quando se estuda minuciosamente o tema, é indispensável compreender este assunto, uma vez que, todos nós possuímos um temperamento. Atualmente, muitos psicólogos enumeram oito tipos de personalidades: Perfeccionista; Mania de perfeição em tudo que faz; Histriônico; quando a pessoa fica incomodada quando não é o centro das atenções e usa aparência física para chamar atenção; Esquizoide; pessoas que parecem não possuir um desejo de intimidade mostram-se indiferentes às oportunidades de desenvolver relacionamentos íntimos, e parece não obter muita satisfação do fato de fazerem parte de uma família ou de outro grupo social; Sádico, aquele que tem prazer ao fazer outra pessoa sofrer ou Explosivo; Narcisista; Pessoa que tem propensão ao narcisismo, que nutre amor excessivo a si mesmo, a sua imagem; Masoquista; Pessoa que gosta de sentir dor; Dependente e Paranoico; pessoa que desconfia de tudo de todos, normalmente não tem autoconfiança, acham que todos estão falando mal delas, e normalmente tem dificuldades na vida social[5].

 

            Vale a pena lembrar que, uma pessoa pode possuir mais de um tipo de temperamento e principalmente que o temperamento dá ao homem forças e fraquezas. Este conhecimento dará mais segurança ao aconselhador, quando identificar os tipos de temperamentos com os quais provavelmente encontrara. O primeiro passo é identificar o próprio temperamento e analisar se nosso temperamento é realmente controlado pelo Espírito Santo, se for estamos em boa posição para sermos bons conselheiros (as). Um ótimo livro que irá nos ajudar a detectar nosso temperamento é são os livros de Tim Lahaye, Temperamentos Transformados 2008 e Temperamentos controlados pelo Espirito 1974.

            Outra ciência importantíssima na compreensão e questões de relacionamentos, sejam familiares e/ou social é a sociologia, uma vez que "a compreensão da sociedade, das relações humanas e do papel das instituições sociais é extremamente importante para o desenvolvimento social. A sociologia atua, portanto, como uma fonte de dados sobre os fatores que influenciam e formam as relações sociais. Nesse sentido, é a sociologia que fornece a base para a atuação prática que visa a melhoria de setores sociais, como a segurança pública, a educação, a saúde e o desenvolvimento humano em geral[6]".

            Desta forma, por exemplo, um assistente social é um profissional qualificado que fazendo uso de elementos de diversas disciplinas para desenvolver seu trabalho: Sociologia, Psicologia e Pedagogia Social, terá assim vasta experiência para exercer a função de conselheiro (a), sendo cristão dirigido pelo Espírito Santo, com certeza trará bons frutos para o reino. Esses são apenas alguns exemplos básico no que se refere a utilização de outras ciências para ajudar no trabalho de aconselhamento e auxilio a casais e famílias na igreja. Tudo isto nos mostra que este é um departamento que precisa trabalhar em conjunto com união, metas e visão uníssonas com a visão pastoral e espiritual do pastor da igreja.     

           

4.1. As respectivas funções do espírito, da alma e do corpo.

 

            Outro tema importante na compreensão da natureza humana é a abordagem voltada à espiritualidade do homem. A visão na qual vamos apresentar é baseada no livro “O homem espiritual” de Watchman Nee. Tratar de vidas é tratar da alma. Já mencionamos que quem liberta o homem é o Senhor Jesus, pela Palavra e ação do Espírito Santo. Mas precisamos ter consciência de que somos formados de espírito, alma, e corpo, Sendo assim, é importante termos também o conhecimento da funcionalidade dessa tríade humana. Vejamos:

 

É por meio do corpo que o homem entra em contato com o mundo material. Daí pode qualificar o corpo como a parte que nos faz conscientes do mundo. A alma é formada pelo intelecto, que nos ajuda no presente estado de existência, e as emoções, que procedem dos sentidos. Posto que a alma pertença ao próprio eu do homem e revela sua personalidade, é chamada a parte que tem autoconsciência de si mesmo. O espírito é a parte mediante a qual nos comunicamos com Deus, e só por ele que podemos perceber e adorar a Deus. Também é pelo espirito humano (sopro de Deus) que mantemos nossa relação com Deus, o espírito é chamado o elemento que tem consciência de Deus. Deus vive no espírito, o eu vivo na alma, enquanto que os sentidos vivem no corpo.

Quando Deus criou o homem o criou para que o espírito controlasse a alma e o corpo, mas devido ao pecado houve uma inversão.  O poder da alma é o mais importante, posto que o espírito e o corpo estão entrelaçados ali e a têm como sede da personalidade e influência o homem. Antes que o homem pecasse, o poder da alma estava completamente sob o domínio do espírito. Em consequência, sua força era à força do espírito. O espírito não pode atuar sobre o corpo por si mesmo, só pode fazê-lo através e por intermédio da alma. Isto podemos ver em Lucas 1.46, 47:

“Disse então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito exulta em Deus meu Salvador.”

Aqui a mudança do tempo verbal mostra que primeiro o espírito produziu gozo em Deus, e então, comunicando-se com a alma, fez que expressasse o sentimento por meio do órgão corporal.

A alma é a sede da personalidade. À vontade, intelecto e emoções do homem estão ali. Enquanto que o espírito é usado para comunicar com o mundo espiritual e o corpo com o natural, a alma se mantém entre ambos e utiliza seu poder para discernir e decidir se deve predominar o mundo espiritual ou o natural.

Toda obra satânica se realiza de fora para dentro e toda obra divina se realiza de dentro para fora. Nisto podemos distinguir o que vem de Deus e o que vem de Satanás. Tudo isto nos ensina, que, uma vez que Satanás se apodera da vontade do homem, controla esse homem e este poder está concentrado na alma.

Devemos ter em mente que a alma é onde o homem expressa sua livre vontade e exerce sua autoridade. Por isso a Bíblia frequentemente deixa claro de que é a alma que peca. Por exemplo, Miquéias 6:7 diz «o pecado de minha alma». Ezequiel 18:4, 20 diz «a alma que pecar». E nos livros Levítico e Números mencionam frequentemente que a alma peca. Por quê? Porque é a alma que decide pecar. Nossa descrição do pecado é: «A vontade de seu consentimento na tentação».

Pecar é coisa da vontade da alma e em consequência deve haver uma expiação pela alma, o que foi realizada por nosso Senhor Jesus. Portanto toda e qualquer libertação tem que ter seu início na alma. Quando ligamos todo esse entendimento, começamos a adquirir os princípios básicos para sermos bons conselheiros.

 

V. O QUE FAZER COM TODAS ESSAS INFORMAÇÕES

           

            Sabemos que geralmente nenhum problema anda só. Na maioria das vezes ele se inter-relaciona com outros. Podemos dizer que a maioria dos problemas são os problemas espirituais da alma, mas, existem os problemas relacionados ao corpo e a vida material. Hoff (1996, p. 14), diz que muitos dos problemas não se encontram na mente, mas na área das necessidades pessoais, dos relacionamentos emocionais que têm a ver com a satisfação de desejos básicos e com as frustrações resultantes da não satisfação desses desejos.

            É preciso destacar que a primeira ação do conselheiro é ouvir, pois, ele deve descobrir os motivos maiores que estão levando um casal à separação, o porquê que o filho está querendo sair de casa, qual o motivo da pessoa querer desistir da fé, ou seja, ouvir para poder detectar o problema. Talvez para muitos isso é uma coisa básica, mas, na realidade e no mundo imediatista n qual estamos inseridos o que muitas vezes acontece é que o conselheiro não tem paciência para ouvir e logo já quer indicar o remédio, precisamos ouvir analisar, orar, uma vez que, muitas situações não se resolvem da noite para dia cada caso é uma história. Avaliar com cuidado antes de querer dar soluções para os problemas das pessoas das pessoas é indispensável. O ser humano não é apenas um ser espiritual, é também um ser material, por isso da utilização de outras áreas do conhecimento humano são importantes para detectarmos a orientação correta.

            Também, não podemos apresentar as pessoas soluções “mágicas” daquelas que simplesmente dizem, “vamos orar e Deus vai entrar com providência”. Esse tipo de solução é o que chamamos de soluções fáceis e simplistas e muitas vezes para tratar problemas complexos que envolvem o ser humano, daí jogamos tudo nas costas de Deus e nos isentamos de cuidar com a verdadeira atenção aquela pessoa merece. Temos que nos colocar no lugar daquela pessoa e tentar sentir nós mesmos o que elas estão sentido. Que Deus é o Deus da providência (Jeová Jire), nós cremos, porém quando alguém nos procura para um aconselhamento, está pessoa espera um pouco mais de nós. Sendo assim, o que fazer? Cuidar da melhor forma, se você perceber que a área em que aquela pessoa ou família está necessitada não é sua área indique outro conselheiro que esteja mais apto para ajudar aquela pessoa ou família. É por isso que trabalhamos em equipe!

            Quero concluir este tópico, fazendo uma citação do livro Aconselhamento Cristão da AETAL[7], que deixará bem mais claro o que expomos sobre a utilização de outras ciências no aconselhamento e auxilio familiar. 

            O aconselhamento cristão reconhece que tudo que há na Bíblia é a Palavra de Deus e que ela tem muito a ensinar quanto ao ser humano e seu comportamento, afinal, Deus é o Criador e conhece profundamente Suas criaturas. Ele também sabe até que ponto o pecado e suas consequências afetaram o ser Humano.

            No entanto, a Bíblia não é o único lugar onde encontramos verdades a respeito do universo que Deus criou, incluindo a Sua criatura suprema, o ser humano. A ciência também tem desvendado muitas informações a respeito do funcionamento do corpo e da mente humana e estudado seu comportamento. Esses dados não são contrários à verdade bíblica; apenas a complementam de forma detalhada e podem ser utilizados no aconselhamento cristão.

 

VI. ORIENTAÇÕES PRÁTICAS

           

            Não temos o espaço aqui suficientes para abordarmos exaustivamente tudo o que deveria ser dito com respeito ao tema, aconselhamento e auxílio as famílias como um departamento inserido na igreja. Porém, creio que com as abordagens acima, foram dadas uma prévia da dimensão e complexidade que envolve a implantação deste ministério na igreja local. Neste último tópico, iremos trabalhar as orientações práticas desta obra. Mais uma vez, estaremos focalizando o material da AETAL[8].

            Ao nos prepararmos para aconselhar e ajudar pessoas, há princípios e orientações práticas que devemos seguir para sermos eficazes e não cairmos em determinadas armadilhas. Vamos destacar procedimentos que possam precipitar conclusões e fazer desencaminhar um processo de aconselhamento, dissertar sobre meios de despertar a esperança na vida, ainda quando a pessoa aconselhada esteja vivenciando circunstâncias caóticas e evidenciaremos a necessidade de comprometimento do aconselhado com mudanças, instrumentos para isso e como gerenciar eventuais deslizes durante o processo de aconselhamento.

           

5.1 Autoridade da Bíblia

           

            Para que um aconselhamento seja verdadeiramente cristão, é necessário reconhecer o senhorio de Jesus Cristo e a Bíblia como sendo a revelação de Deus para nós. O autor da Bíblia é nosso Criador. Foi Ele quem nos projetou e que nos conhece em profundidade.

            A Palavra de Deus revela sua intenção para nós. Os princípios e mandamentos ali expostos são para o nosso bem. É um manual do usuário que necessitamos usar se quisermos bons resultado.

            A Bíblia nunca está desatualizada, como afirmam alguns. Ela revela verdades eternas que permanecem sempre atuais, pois são verdades que dizem respeito à condição humana. Por serem de origem divina, são princípios inerrante (sempre corretos).

            Sua autoridade é uma consequência imediata da inspiração. Se Deus inspirou completamente as escrituras, elas estão revestidas de Sua autoridade. Podemos ter confiança no que diz a Bíblia. Ela serve como citadora do Espírito santo, é possível vivermos {a luz do que ela ensina.

            Tendo dito isto, é necessário enfatizar que a Bíblia não se propõe a ser um livro didático de Psicologia, Medicina, Sociologia ou qualquer outra disciplina. Tudo o que contém é verdadeiro, entretanto, a verdade toda não está nela contida.

            Muitos conhecimentos sobre a criação de Deus e o funcionamento do corpo e da mente humana podem ser aprendidos ou descobertos por não estarem contidas na Bíblia. Não há contradição entre a Bíblia e a ciência verdadeira.

            Um dos desafios que o Cristianismo enfrenta na atualidade é a diminuição da crença na autoridade da Bíblia, não apenas pela sociedade em geral, mas até pelos próprios crentes. Muitos aceitam, pelo menos até certo ponto, as críticas que a sociedade faz à moralidade da Bíblia, insistindo que ela é arcaica e ultrapassada pela sociedade moderna e esclarecida.

            Manter uma posição bíblica de castidade antes do casamento, homossexualidade como pecado, casamento como sendo somente entre um homem e uma mulher, contra o aborto, disciplina dos filhos, crença no criacionismo e tantas outras posturas bíblicas traz ridicularização por nossa sociedade. Em alguns casos, podemos até ser enquadrados como infratores da lei com acusações de homofobia ou por recusa de celebrar casamentos homoafetivos.

            Essa desconsideração pela autoridade das Sagradas Escrituras faz com que o pecado seja encarado de forma branda, opcional ou até superado. Isso faz com que os cristãos adotem um estilo de vida pecaminoso, levando-os a sofrerem com as consequências naturais de seus pecados. Tal descaso pelos princípios bíblicos morais leva a uma vida desregrada, desestruturada e prejudicial à saúde física, emocional, psicológica, mental e espiritual, levando as pessoas a procurarem pelo aconselhamento pastoral.

            O conselheiro (a) cristão necessita crer firmemente na autoridade e salubridade dos princípios divinos contidos na Bíblia e estar disposto a usá-los no aconselhamento. A aplicação dos ensinamentos bíblicos será sem dúvida, um importante instrumento no caminho de retorno a uma vida física, emocional, psicológica e espiritualmente saudável.

 

5.2. Conectando com quem precisa de ajuda

 

            Como cristãos, devemos tratar todos com a dignidade que merecem. Todos temos o mesmo valor diante de Deus, independentemente de nossa condição social, econômica e até espiritual. Mesmo aqueles que já cometeram muito erros na vida (até erros graves) têm valor inestimável diante de Deus. Toda vida é preciosa.

            Além de tratar a todos como pessoas dignas, devemos trata-las também com amor. O amor deve ser a marca do cristão. Sendo assim, ninguém deve ser tratado com frieza, como um cliente qualquer ou como um projeto. É importante que a pessoa que estamos tentando ajudar veja em nós uma preocupação sincera para com ela.

            Algumas pessoas se abrem com facilidade para falar de seus problemas, sentimentos mais íntimos e lutas interiores, porém a maioria não se abre com tanta facilidade. Para que uma pessoa se sinta à vontade para conversar sobre assuntos pessoais, é necessário estabelecer uma relação de confiança. Muitas vezes isso pode levar tempo, principalmente se a pessoa já sofreu algum tipo de quebra de confiança que a tenha machucado profundamente. Pode ser mais difícil para ela voltar a confiar em alguém.

            Guardar a confidencialidade do que as pessoas nos contam sobre sua vida pessoal é extremamente importante para construir e manter a confiança que ela deposita em nós. Ninguém gosta de ouvir de outras pessoas coisas que confidenciaram a um conselheiro (a). Devemos manter confidencialidade mesmo quando não for explicitamente pedido por quem que estamos ouvindo. A quebra da confidencialidade só pode ser quebrada em caso de criminalidade ou se houver indício de atividade criminosa.

            Nosso inimigo é astuto e sabe usar esses momentos de vulnerabilidade para trazer tentação. Todo conselheiro (a) deve seguir alguns cuidados básicos, para não serem surpreendidos ou mal compreendidos. Vejamos:

1.      Esteja presente. Quando passam por um trauma, as pessoas, muitas vezes, sentem a necessidade de saber que não estão sozinhas. Talvez não saibamos o que dizer nessas situações, mas nossa simples presença já e confortante.

2.      Seja empático: Procuremos nos colocar no lugar da pessoa machucada ou em sofrimento que está contando sua história ou descrevendo como se sente. Isso pode nos ajudar a evitar que digamos coisas inapropriadas. Como é que eu me sentiria se estivesse no lugar dessa pessoa?

3.      Saiba ouvir: Ouça com interesse genuíno. Parafraseie o que você ouviu, pois isto demonstra que está ouvindo e também evita desentendimento. Ouça não somente o que é dito, mas também aquilo que não é dito. Preste atenção não somente nas palavras, mas também nas emoções que estão sendo demonstradas.

 

Para sermos ouvintes atenciosos, precisamos suprimir nossa vontade de falar e dar respostas para tudo. Nem tudo precisa de uma resposta. Ser bom ouvinte é reconfortante para muitos que estão passando por dificuldades. 

 

5.3. Investigação

 

            Em Gênesis 3. 9 lemos que Deus perguntou para adão: “Onde estás?” Foi a primeira comunicação de Deus com o pecador depois da queda no jardim do Éden. Ao aconselhar os outros, temos que entender onde a pessoa está:

Ø  Consigo mesma (suas emoções ou estado psicológico, saúde física etc.)

Ø  No seu relacionamento com as pessoas

Ø  No seu relacionamento com Deus

 

Esse é um processo de descoberta tanto para o conselheiro (a) como para a própria pessoa aconselhada. Tome cuidado para não tirar conclusões precipitadas a respeito da situação. É necessário ter conhecimento de todos os fatos. Faça perguntas sobre cada uma dessas áreas para obter uma visão integral sobre ela. Muitas vezes, as primeiras coisas que ouvimos são as informações filtradas, somente os fatos ou o ponto de vista que a pessoa quer que ouçamos. Uma investigação mais profunda, com perguntas estratégicas pode revelar que há outros elementos envolvidos que não foram expostos inicialmente e que podem mudar o nosso entendimento sobre o problema.

Sempre há pelo menos dois lados para uma história. Cada pessoa envolvida em um conflito tem a sua perspectiva e a sua opinião. Cada lado ouvido apresenta mais detalhes (que às vezes foram omitidos pelos outros) que ajudam a esclarecer os fatos. Se possível, precisamos ouvir todos os lados envolvido. Isto é especialmente quando se trata de conflitos interpessoais ou conflitos na igreja ou entre casais.

 

5.4. Faça anotações

 

            Tome nota dos encontros de aconselhamento. Isso ajuda a lembrar tudo o que foi dito. Antes de cada encontro, revise as anotações para refrescar a memória. As anotações também podem ser úteis se alguma questão for levantada muito tempo depois do aconselhamento.

 

5.6. Não caia na tentação de oferecer uma solução rápida

 

            Apesar de já termos mencionado de forma básica algumas dessas orientações em tópicos anteriores, aqui estamos apenas ampliando para um melhor desempenho. Não prometa algo que não pode cumprir e nem caia na tentação de dar uma receita mágica para os problemas ou de usar chavões ou frases feitas. “É só perdoar e pronto”, é só aceitar a situação e pronto”, ou “Basta orar todos os dias e a situação vai se resolver”. Estas declarações raramente ajudam aquele que está passando por situações difíceis e dolorosas. As situações podem ser complexas. É necessário ouvir e investigar antes de sugerir soluções.

            O aconselhamento bíblico, cristão, é um processo que envolve a reprogramação da mente a partir de um novo paradigma, a partir de uma nova visão, em que o aconselhado é levado a enxergar as coisas de maneira diferente. Portanto, a pessoa aconselhada é desafiada a agir com base em novos valores. Isso leva tempo e disciplina.

 

5.7. Confronte o pecado

 

Quando existir um pecado envolvido na situação, leve a pessoa a reconhece-lo, confessá-lo e abandoná-lo. Muitos não reconhecem que estão vivendo em pecado, às vezes por ignorância e às vezes por um processo inconsciente de racionalização ou justificação de seu pecado. Como cristãos somo chamados a confrontar os nossos irmãos na fé.   

 

“Se teu irmão pecar (contra ti), vai argui-lo entre ti e ele só. Se ele te     ouvir, ganhaste a teu irmão. Se, porém, não te ouvir, toma ainda consigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça.” (Mat. 18. 15,16).

Quando há arrependimento, pode ser que seja necessário pedir perdão a alguém e até fazer restituição.

 

5.8. Dê Esperança

 

            Todos aqueles que passam por uma perda, seja devido a um trauma, seja por estarem passando por problemas emocionais ou conflito com outras pessoas, necessitam de esperança. Não há caso perdido para Deus. Não há caso sem solução. Cristo pode ajudar a superar qualquer problema, por mais difícil que possa parecer.

            O conselheiro cristão sempre pode ajudar a pessoas machucadas, desesperada ou deprimida a voltar a ter esperança. Para os que estão passando por uma prova pode ser difícil ser otimista sobre o futuro e crer que a tristeza irá passar, no entanto, o nosso Deus é o “Deus da esperança” (Cf. Rm. 15.13). Nesse versículo, Paulo diz que este deus pode nos encher de gozo e paz, mesmo quando estamos em meio a circunstâncias difíceis e tristes.

            Nesse mesmo versículo, Paulo continua desejando que seus leitores sejam “ricos de esperança” ou, como diz a Nova versão Transformadora, que “transbordem de esperança” – e isso pela atuação do Espírito Santo. Significa que, quando estamos passando por situações difíceis, Deus nos dá, por meio de Seu Espírito, não apenas a dose necessária para atravessarmos “o vale da morte”, ele nos enche tanto de esperança que passamos a ser ricos em esperança ou transbordando com ela. Podemos ter esperança em abundância.

            A esperança tem que estar depositada no lugar certo – em Deus. Não se deve animar as pessoas com palavras vagas de esperança ou com uma esperança em pessoas, terapias, medicamentos ou aconselhamento. Deve-se direcionar o aconselhado a depositar sua confiança e sua esperança em Deus, o Deus da Esperança.

            Esperança e visão são o combustível que o Espírito Santo concede para combater o bom combate. É o que mantém o indivíduo funcionando, mesmo quando as circunstâncias à sua volta não parecem favoráveis.

Paulo Escreve:

Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação, não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas”. (2 Co. 4. 16 – 18). 

 

            Todos podem receber esse mesmo encorajamento, essa mesma força, essa mesma esperança. Como diz o versículo 18, não devemos nos concentrar nas coisas que se veem, i.e., nas coisas temporais, terrenas, passageiras que estão a nossa volta, mas fixarmos o nosso olhar nas coisas que se não veem – as eternas, as espirituais. São estas que sustentarão nossa esperança. Amém!

 

Considerações finais

Chegamos ao final da nossa jornada, nesta introdução ao aconselhamento e assistência familiar. Espero que eu possa ter alcançado meus objetivos de ter conseguido introduzir neste universo aqueles que ainda não tiveram a oportunidade de trabalhar num departamento deste nível. Para aqueles que já estão mais familiarizados, ou que já tenham alguma formação acadêmica em algumas das áreas que vão compor esse grupo. Que me ajudem trazendo sugestões e analisando se em algum momento pontuei algo que seja da temática abordada aqui. Como todos devem saber, nesse departamento termos, assistente social, pedagogos, advogados e pessoas das mais diversas linhas profissionais, e mesmo aqueles que não possuem alguma formação nesta área, não fique preocupado (a), pois, cremos que se Deus colocou no coração do nosso presidente lhe chamar para participar deste departamento é porque você já foi aprovado pelo Senhor e dono da obra Deus.

Que o Senhor nos ajude e nos dê sabedoria para juntos fazermos um pouco mais pelo reino de Deus. Amém!

 

“Um ao outro ajudou e ao seu próximo disse: Sê forte.

Isaías 41:6

           

BIBLIOGRAFIA

 

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Apostila

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http://www.portaleducacao.com.br/psicologia/artigos/25574/o-desenvolvimento-da-personalidade-humana#ixzz3dYUjw000/.  Acesso em 24/08/2023.

 

http://www.dicionarioinformal.com.br/paran%C3%B3ico/. Acesso em 24/08/2023.

 

"Para que serve a sociologia?" Em: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/sociologia2.htm. Acesso em 26/09/2023.

 

 

 

 

 

A DEUS SEJA TODA A GLÓRIA

Soli Deo glória

לאלוהים התהילה

 

 

 

 

 

 

                    



[1] Bacharel em Teologia pela Universidade Metodista de São Paulo, pós-graduado em filosofia da religião e pedagogo todos pela mesma Universidade. Mestre em Bibliologia pela faculdade Teológica Internacional das Assembleias de Deus. Pastor na Ad Brás São Caetano do Sul.                                                                                                                                                                          

[3] Famílias aglutinadas são aquelas que vivem próximas umas das outras e mantêm uma forte interação social e cultural. Já as famílias dispersas ou esparssadas são aquelas que vivem distantes umas das outras, muitas vezes em diferentes regiões ou países.

[6] "Para que serve a sociologia?" em: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/sociologia2.htm. Acesso em 26/09/2023.

[7] AETAL. Associação Evangélica de Educação Teológica na América Latina.

[8] Idem 7.



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