AVIVAMENTO “ENCHEI-VOS DO ESPÍRITO” EF. 5.18 parte 1
“Para refletir...”
Conta-se que numa pequena cidade, uma pequena
Igreja pregava havia algumas décadas e nada de novo acontecia ali. Os pecadores
não tinham o menor interesse por aquela Igreja, porque não viam nada de novo e
nada de extraordinário acontecer com aquele povo. Os crentes levavam uma vida
superficial, medíocre e sem unção. E ao lado da Igreja morava um ateu que nunca
fora atraído por ela.
Certo
dia, porém, a cidadezinha acordou em pânico, por que aquela igreja pegara fogo,
literalmente. O templo estava ardendo em chamas. Voavam cinzas por todo lado, e
o povo da cidade foi convocado para ajudar a apagar o incêndio. E no meio da
multidão lá estava o ateu jogando água com um balde. De repente, sua vizinha membro
da Igreja, muito surpresa, disse-lhe: “Mas o senhor aqui? É a primeira vez que
o vejo nesta igreja. E o ateu respondeu: mas também é a primeira vez que está
igreja pega fogo”.
Se quisermos atrair os pecadores a Igreja
precisa pegar fogo! Se quisermos que as labaredas do Espírito Santo se
alastrem, precisamos ser batizados com fogo e ser cheios do Espírito Santo.
“E não vos embriagues com vinho em que há
contendas, mas enchei-vos do Espírito.” Ef. 5. 18
Avivamento tem sido um dos
temas mais discutidos no meio evangélico, principalmente nas últimas décadas,
devido a um intenso esfriamento espiritual percebido quase que em todas as
igrejas evangélicas pentecostais tradicionais, entre outras. Quando pensamos
sobre as causas desse esfriamento, são diversos os motivos relatados, tanto por
leigos como por especialistas. Alguns dizem: é a volta de Jesus, outros dizem é
cumprimento da Palavra de Deus, ainda outros sustentam são resultados dos
pensamentos relativistas da pós-modernidade e por aí vai.
Contudo, identificar o motivo ou os motivos
desse esfriamento não tem sido uma tarefa fácil, especialmente porque cremos
que são várias as causas. Geralmente, quando queremos resolver algum tipo de
problema procuramos primeiramente encontrar onde está a origem desse problema
para que depois possamos trabalhar em uma solução. No entanto, não queremos tratar
aqui a questão da origem ou causa do esfriamento espiritual propriamente dito que
tem ocorrido nas últimas décadas nas igrejas de modo geral, embora seja
importante identificar. Todavia, o que almejamos trazer neste estudo é a possibilidade
de um avivamento, ou seja, uma renovação espiritual na igreja contemporânea.
Mesmo que não exista especificamente
nenhuma profecia nas Escrituras Sagradas dizendo: “que nos últimos dias haverá um grande avivamento ou reavivamento espiritual
nas igrejas dos últimos tempos”, não obstante, no dia de Pentecostes quando
o apóstolo Pedro faz seu discurso quanto ao cumprimento naquele momento da
profecia de Joel 2, ele disse: “nos
últimos dias”, sendo assim, cremos que o Espírito Santo possa nos
proporcionar tal evento assim como ocorreu em vários períodos no decorrer da
história da igreja. Uma vez que, ao examinarmos tais avivamentos, observamos
que todos ou praticamente quase todos tiveram início com um crente ou um grupo
de crentes que estavam em fervente oração. Portanto, este estudo abordará temas
exclusivamente voltados a uma reflexão de que, para que a igreja hodierna
alcance tão desejado avivamento se faz necessário que todos os desejosos por
este evento entendam que é possível sim e que boa parte daquilo que precisamos
para a realidade de que este evento ocorra depende de nós. Deus nos ajude e que
o Espírito Santo nos revista para que possamos em pleno século XXI, receber tão
glorioso avivamento e abalar as estruturas da sociedade do nosso tempo como
fizeram nossos irmãos no primeiro século que ao serem revestidos e avivados
pelo Espírito Santo, incendiaram o mundo a ponto de que quando Paulo chega em
Tessalônica ouvir a acusação “Estes que
têm alvoroçado o mundo chegaram também aqui” At. 17.6b. Vamos continuar a
alvoroçar o mundo com a pregação do Evangelho. Aleluia!
Ev. Marcos Moraes de Paula
1.1 O QUE NÃO É UM AVIVAMENTO
ESPIRITUAL
Muitas
são os tipos de ideias que as pessoas fazem a respeito do que é realmente um
avivamento espiritual. Muito dessas ideias são extraídas do relato de Lucas em
Atos dos apóstolos capitulo de número dois. O texto narra de forma bastante
intensa um fato extraordinário que foi o derramamento do Espírito Santo na
então igreja nascente. Champlin volume III (1995), p. 44 destaca: “É possível
que nesta cena registrada no livro de Atos tenha havido alguns fenômenos
físicos acompanhantes, em que soprou um vento no sentido literal; mas o autor
sagrado mui provavelmente tencionava que compreendêssemos ter-se tratado de um
som de origem sobrenatural, de uma energia divina que preencheu a casa inteira,
tendo produzido aquele extraordinário fenômeno que se podia ouvir”.
É de consenso geral entre os
estudiosos que este fato do derramamento do Espírito Santo sobre os cristãos se
deu por conta do cumprimento da profecia de Joel 2. Uma vez que, o batismo com
o Espírito Santo é um propósito de Deus na nova aliança efetivada na cruz do
calvário por Jesus Cristo e que também reafirma a mesma promessa do Pai aos
seus discípulos (Lc. 24.49). Em Atos 1. 14 as Escrituras relatam que os
apóstolos, juntamente com um grande grupo de discípulos de Jesus
aproximadamente (120), entre os quais havia também mulheres e Maria, a mãe de
Jesus, e seus irmãos de sangue esperavam em oração pelo cumprimento das grandes
promessas de Deus e, concomitantemente, pelo início de ministério de
testemunhas de Jesus (At. 1.8).
Os acontecimentos desse dia, o
momento do batismo chama-nos a atenção. Fatos diferenciados ocorreram naquele dia
ímpar. Davidson, (1997), p.1105 destaca: “Subitamente eles foram dominados pelo
Espírito Santo, que desceu do céu, enquanto sinais audíveis e visíveis
acompanharam a efusão do prometido Dom celestial”. É interessante, que Davidson
ressalta, sinais audíveis e visíveis. O primeiro fato neste evento digno de
nota é a presença de “sinais audíveis e visíveis”. Geralmente, algumas pessoas
associam avivamento com sons, barulhos e ruídos, de certo modo concordamos que
quando há um agir do Espírito Santo, sons, barulhos e ruídos possam ocorrer,
contudo, isto não caracteriza ser um real avivamento como foi o do dia de
Pentecostes. O resultado daquele revestimento que os crentes receberam ali foi
o de suportar as futuras perseguições que viriam e a intrepidez que receberam para
anunciarem o evangelho de Jesus Cristo (cf. At. 41 – 31; 5. 17 – 42; 6).
Atualmente,
ouvimos muitos sons, barulhos e ruídos, que alguns supostamente dizem ser
avivamento, porém, não vemos pessoas transformadas, anunciando o evangelho e
com mais e mais cede de Deus, como declara o salmista: “A minha alma tem
sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus?
” Sl. 42.2. Um dos primeiros
resultados de um avivamento é ter sede de Deus. Muitos movimentos barulhentos
que se dizem ser avivamento, não passam de momentos emocionais que não muda a vida
nem transformam as pessoas em melhores seres humanos a imagem de Cristo. Portanto,
avivamento não é uma obra de homens, mas sim o agir sobrenatural de Deus.
Quando falamos que avivamento não é
obra humana, estamos dizendo que nós seres humanos não podemos marcar ou
controlar o dia e hora para que haja essa manifestação divina que nos ofereça um
verdadeiro avivamento. O pastor Antônio Gilberto, na Bíblia que leva seus
comentários destaca como deve ser o ambiente para que haja um avivamento diz
ele: “Todos devem orar, e muito, por um avivamento poderoso, glorioso e
soberano. Todos os avivamentos da Bíblia e da história da igreja foram marcados
e conservados na atmosfera da oração, jejum, arrependimento, confissão
espontânea, quebrantamento de espírito, humilhação diante de Deus e santidade”
(2021, p. 1155 – 6). Muitas igrejas tentam produzir avivamento, entretanto,
como já abordado o avivamento nunca pode ser produzido simplesmente pela
vontade humana, é preciso o agir de Deus, sendo assim, aglomeração de pessoas
não é avivamento, emocionalismo não é avivamento, a pregação do evangelho
triunfalista não é avivamento, sinais, maravilhas sem arrependimento e
contrição de coração não é avivamento espiritual, a manifestação de dons não
evidencia um verdadeiro avivamento espiritual, modismos não evidencia um
avivamento espiritual, nada disso é evidência do real e verdadeiro avivamento
espiritual.
Sabemos que o avivamento tem a
participação humana, porém esta participação é em primeiro lugar um desejo
ardente no coração, uma busca intensa e incessante através da oração e súplica pela
presença Deus, agora o poder do alto é de fundamental importância, e este só
pode vir dos altos céus direto do trono na graça. Então a pergunta é: o que é então
um avivamento espiritual? É o que veremos no próximo tópico.
1.2 O QUE É UM AVIVAMENTO ESPIRITUAL
No tópico anterior, observamos,
aquilo que não representa um real avivamento, e que no avivamento existe sim a
parte humana, agora vamos tratar do que realmente cremos ser um avivamento bíblico,
vale lembrar que alguns estudiosos mudam de opinião, quando o assunto é a
definição do que realmente é um avivamento espiritual. Apesar disso, veremos
que quase todos apontam para as mesmas características como indicação de um
real e verdadeiro avivamento. Não encontraremos nas Sagradas Escrituras a
palavra avivamento, encontraremos sim, fatos que podem ser designados como um real
e verdadeiro avivamento espiritual entre o povo de Deus. Senão vejamos:
No
capítulo 29 de 2 Crônicas ao capítulo 32 observamos um mover extraordinário de
Deus entre o povo de Judá, Ezequias aos vinte e cinco anos assumi o poder, manda
de início purificar o templo, o texto diz que: “Ele, no ano primeiro do seu
reinado, no mês primeiro, abriu as portas do Casa do Senhor e as reparou” (2
Cr. 29. 3) ARC. A partir daí observamos que durante todo o período de reinado
do rei Ezequias, houve um grande reavivamento entre o povo de Deus. Contudo,
queremos destacar quatro elementos que se percebe no texto e que foram
indispensáveis para a renovação e avivamento espiritual daquele povo naquele
período, vejamos:
1. Confissão
de pecados vs. 6,7; “nossos pais transgrediram” (cf. cap´31, 1);
2. Santificação
da casa do Senhor e a santificação pessoal, vs. 5 e vs. 18. E aí podemos
destacar em duas dimensões. 1. Santificar a casa do Senhor “Igreja” vs. 5, 2. Santificar
a própria “vida pessoal” vs. 15, (cf. 1 Co. 3. 16; 6. 19);
3. Renovação
do concerto vs. 10, 11. “Agora, tem vindo ao coração que façamos um concerto
com o Senhor...”
4. Anúncio
de um sacrifício expiatório, vs. 20 – 24. Aqui simboliza transferir os pecados
ao sacrifício. Isto nos aponta que devemos nos apropriar pela fé da expiação
pelo sangue de Jesus. (Cf. Hb. 9. 12 – 22).
Se
prosseguirmos no texto veremos que no verso 20 e 21 do capítulo 31 diz:
“E
assim fez Ezequias em todo o Judá; e fez o que era bom, e reto, e verdadeiro
perante o Senhor, seu Deus. E em toda obra que começou no serviço da casa de
Deus, e na lei, e nos mandamentos, para buscar a seu Deus, com todo o seu
coração o fez e prosperou” (2 Cr. 31. 20 -21) ARC.
Assim como nesse exemplo, temos
muitos outros no Antigo Testamento e todos têm praticamente o mesmo enredo, ou
seja, sempre um avivamento era precedido por um período de crise. Outro exemplo
clássico está também no livro de II Crônicas 34 a 35 onde é descrito mais um
grande e extraordinário avivamento experimentado pelo povo de Deus. Foi ocasionado
também através um jovem, o rei Josias, que assumiu o trono aos 8 anos de idade
e morreu, em batalha, aos 39 anos. Aos 16 anos começou sua vida espiritual o
texto diz: “porque, no oitavo ano do seu reinado, sendo ainda moço, começou
a buscar o Deus de Davi seu pai: e, no duodécimo ano, começou a purificar a
Judá e Jerusalém dos altos, e dos bosques, e das imagens de escultura e de
fundição. 2 Cr. 34. 3 ARC.
O
povo de Judá estava totalmente voltado à idolatria e as abominações. Josias
lutou contra a situação degradante e superou os problemas. No entanto queremos
destacar alguns elementos que foram indispensáveis para que esse avivamento se
realizasse:
1. A
oração. Importante papel no reavivamento ocorrido ao tempo de Josias foi a oração.
Ainda jovem, ele começou a buscar ao Senhor, 2Cr 34: 3. Consciente da idolatria
existente em seu país, lutou contra esse pecado e destruiu todos os altares, v.
7.
2. A
redescoberta da Palavra. Além da oração, quando encontrado o Livro da Lei foi
fundamental para a implementação das reformas, 2Cr 34: 14-18. Ao ouvir a
leitura da Palavra do Senhor, o rei humilhou-se diante de Deus, v. 19. Depois,
reuniu todo o povo e leu diante da multidão a Lei do Senhor, v. 30. Isso trouxe
um grande avivamento espiritual.
3. Reconhecimento de pecado e humilhação:
"Assim que o rei ouviu as palavras da Lei, rasgou suas vestes." (II
Cr 34:19). Josias reconheceu os seus pecados e os pecados de sua nação e
humilhou-se como sinal de arrependimento.
4. Renovação
de aliança (II Cr 34:29-33). Ao tomar conhecimento da vontade de Deus, Josias
reúne todo o povo para renovar a aliança com o Soberano Senhor: “E enquanto
ele viveu, o povo não deixou de seguir o Senhor, o Deus dos seus
antepassados." (II Cr 34:33b).
Observamos
que os elementos são quase que idênticos, aos da passagem anterior examinada e o
que esses exemplos nos ensinam? Que sem oração, Palavra de Deus,
arrependimento, renovação de aliança e confissão de pecados não há avivamento. Isto
também nos apontam que pretensos avivamentos que não se fundamentem na oração e
nas Escrituras e nos demais elementos que constituem um real e verdadeiro
avivamento, provavelmente não procedem de Deus.
Andrade, (2004), p. 42 destaca um
momento de crise na história do povo de Deus, contudo com um fechamento mais
drásticos para o povo de Deus: “Foi num momento de profunda crise, que
Habacuque lançou o pungente e inadiável clamor “Aviva a tua obra, ó Senhor,
no decorrer dos anos, e no decurso dos anos faze-as conhecida (Hc. 3.2). Se
nos detivermos nos sucessos imediatos da história do povo de Deus, seremos
forçados a concluir: a súplica do profeta não foi ouvida, porquanto Judá estava
prestes a desaparecer como reino. Com a herança de Jacó, pereceriam Jerusalém e
o Santo Templo. Não obstante tais contrários, a alma do profeta persistia a
gritar: “Aviva a Tua obra, ó Senhor”. A
grande diferença foi que o povo de Deus não deu ouvidos aos profetas e não se
arrependeram, não se voltaram para a Palavra de Deus, não confessaram seus
pecados, nem mesmo renovaram sua aliança com Deus. Resultado, cativeiro
babilônico.
Amados, verdadeiramente estamos num
desses momentos, mesmo estando milhares de anos distantes desses acontecimentos
e vivendo uma nova e mais excelente, e mais perfeita aliança com Deus através
de Cristo Jesus ainda estamos tendo a necessidade de gritar “Aviva a Tua obra,
ó Senhor”. A história sempre tem se repetido ao longo dos tempos. Está claro
que vivemos em contextos bem diferentes dos tempos do Antigo Testamento, porém
o inimigo ainda é o mesmo. Será que esses mesmos elementos observados nos dois
exemplos acima de Ezequias e Josias, não devem estar presentes em um avivamento
espiritual nas igrejas hodiernas? Com toda certeza sim,
Mas como podemos definir o que é um
avivamento espiritual nos dias atuais? Um avivamento pode ser definido como uma
renovação espiritual que causa mais fervor e dedicação a Deus e que pode ser
coletivo ou individual. Entretanto, ninguém pode negar que os mesmos elementos
observados nos exemplos acima também devem fazer parte de um avivamento hoje, Andrade
(2004) p. 40 destaca: “o avivamento pode ser definido como o retorno aos
princípios que caracterizaram a Igreja Primitiva. É o retorno à Bíblia como
nossa única regra de fé e prática. É o retorno a oração como a mais bela
expressão do sacerdócio universal do cristão. É o retorno às experiências
genuínas com Cristo, sem as quais inexistiria o corpo místico do Senhor. É o
retorno à Grande comissão, cujo o lema continua a ser “...até os confins da
terra...” O avivamento, enfim é o reaparecimento da igreja como a agência por
excelência do Reino de Deus”. Oh! Aleluia, que maravilhosa definição!
Temos percebido, que um avivamento
tem suas características bem distintas, Renovato,( 2023) p. 16 diz: “Avivamento
espiritual é, uma intervenção de Deus que só tem lugar quando o Espírito Santo
encontra espaço no coração de uma pessoa, de um grupo, de uma cidade ou de uma
nação e, mais ainda, quando uma igreja se volta para Deus, buscando a sua
presença de maneira intensa e profunda, visando alcançar mudanças e
transformações na realidade espiritual”. Nicodemus, (2022), p. 30 declara sobre
avivamento: “avivamento é a ação do Espírito Santo por meio da Palavra de Deus,
em que o Senhor renova o amor do cristão por ele, eleva o interesse do homem
pela Palavra, dá clareza espiritual e permite que tenhamos uma disposição
mental aprovada diante do Senhor”. Fica claro, que a Palavra de Deus, oração,
arrependimento, confissão de pecados, renovação de aliança e o agir
sobrenatural do Espírito Santo, perfazem e se completam num verdadeiro e real
avivamento espiritual. “Estás disposto a buscar?”
Vamos destacar mais um exemplo no
Antigo Testamento que também aponta para a realidade da qual estamos tratando,
ou seja, um verdadeiro avivamento precisa ser reconhecido com tais elementos
supracitados: Em Neemias 8 observamos como o povo começou a orar e ter fome da
Palavra de Deus no que culminou em um grande avivamento. Sabemos que o povo de
Deus foi para o cativeiro por inúmeros pecados, mas principalmente por não
observarem a Palavra de Deus. Não
obstante, quando a Lei foi lida diante do povo, isto produziu uma profunda
convicção da necessidade de confissão dos pecados no coração dos que ouviram. O
povo arrependeu-se de seus pecados e submeteu-se ao Senhor. Observamos que no
capítulo nove houve um quebrantamento espiritual entre o povo, o verso um diz
assim: “E, no dia vinte e quatro deste mês se ajuntaram os filhos de Israel
com jejum e com pano de saco e traziam terra sobre si” (Ne. 9.1) ARC. No capitulo oito
Esdras lê a palavra de Deus e à medida que a Palavra os convencia da culpa, o
povo sentia cada vez mais a necessidade de confessar os seus pecados a Deus. É
interessante que o arrependimento está intimamente ligado a uma profunda
tristeza pelo pecado e a um desejo de intenso de mudança (renovação de
aliança). Como resultado desse arrependimento, o povo decidiu se separar de
tudo aquilo que Deus condena. É importante observar, que no verso dois diz o
seguinte: E a geração de Israel se apartou de todos os estranhos, e puseram
– se em pé e fizeram confissão dos seus pecados e das iniquidades de seus pais”. (Nee. 9.2) ARC.
Por fim, ressaltamos, aquele culto
foi um culto diferente e especial, houve três horas de pregação e três horas de
oração: “E, levantando-se no seu posto, leram no livro da Lei do Senhor, seu
Deus, uma quarta parte do dia; e, na outra quarta parte, fizeram confissão; e
adoraram ao Senhor seu Deus”. (Nee.
9. 3) ARC. O reconhecimento da culpa e a consequente confissão só se tornaram
possíveis depois que ouviram e refletiram sobre a Palavra de Deus. Logo, temos
visto que ao longo do tempo, a responsável pelos mais notáveis avivamentos
espirituais na história do povo de Deus tem sido a sua Palavra aplicada ao
coração do homem pelo Espírito Santo. Portanto, o avivamento não é simplesmente
sons, barulhos e ruídos, mas sim um agir de Deus através do Espírito Santo que
nos leva a desejar mais e mais de Deus e sua presença, um interesse renovado
pela sua Palavra, oração intensa, confissão de pecados e arrependimento, como
resultado vem renovação da aliança com o Senhor. Aleluia! Que a igreja do
século XXI entenda e alcance e busque está renovação o que será para todos uma verdadeira
glória celestial!
1.3 A essência do Avivamento Espiritual
Quando falamos da essência do
avivamento espiritual, estamos ressaltando que este tipo de avivamento é algo exclusivo
e que acontece unicamente no meio do povo de Deus. É quando o Espírito Santo
renova, reaviva e desperta a igreja que se encontra numa letargia profunda. É a
revitalização onde já existia vida, uma vez que Paulo diz em sua carta aos
Efésios de quando cremos em Cristo somo revividos: “E vos vivificou, estando
vós mortos em ofensas e pecados, em que, noutro tempo, andastes, segundo o
curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar do espírito que,
agora, opera nos filhos da desobediência”, (Ef. 2.1) ARC, porém com o tempo
se deixa esfriar espiritualmente, ou seja, perde o vigor, a presteza o desejo,
o entusiasmo, (é bom lembrar que todas essas coisas têm início quando a igreja
(crentes) deixam de orar e observar a Palavra de Deus e buscar uma vida
consagrada ao Senhor).
O
avivamento espiritual, é uma experiência que acontece na vida do crente,
primeiramente individualmente, ou seja, o Espírito Santo inicialmente realiza, basicamente,
entre os membros da Igreja. O impacto dessa obra do Espírito de Deus na vida do
crente e da igreja, tem como resultados imediatos, senso inequívoco da presença
de Deus; oração fervorosa e louvor sincero; convicção de pecado na vida das
pessoas; desejo profundo de santidade de vida e aumento perceptível no desejo
de testemunhar, pregar o evangelho e um intenso desejo de estar com Deus em
oração e meditação na Palavra de Deus. Esse despertamento para um avivamento ou
reavivamento como queiram chamar, começa a ser realidade quando buscamos, foi
assim que teve início o chamado Pentecoste Metodista, Duewel, (1995), p. 48
relata:
“No
dia do Ano Novo, 1739, John e Charles Wesley, George Whitefield, mas quatro
membros do Clube Santo fizeram uma festa do amor (provavelmente a ceia do
Senhor) em Londres. “Cerca de três da manhã, enquanto estávamos orando, o poder
de Deus caiu tremendamente sobre nós, a tal ponto que muitos gritavam de
alegria e outros caíram no chão (vencidos pelo poder de Deus). Tão logo nos
recobramos um pouco dessa reverência e surpresa na presença da Sua majestade,
começamos a cantar a uma voz: “Nós te louvamos, ó Deus; Te reconhecemos como
Senhor”. Este evento como supracitado foi
chamado de Pentecoste Metodista, o interessante, é que se você continuarmos a
ler o livro de Duewel, você ficará impressionado como Deus a partir daquele
momento começou a usar os irmãos Wesley e Whitefield em suas mãos, milhares e
milhares de pessoas começaram a ser alcançadas pelo Evangelho de Cristo, o que
começou com alguns crentes se expandiu para milhares de pecadores que se
renderam a Cristo. Oh. Glórias!
O avivamento espiritual orquestrado
pelo Espírito Santo não apenas afeta a igreja, mas a sociedade também, que é beneficiada
pelo agir de Deus. Isto acontece porque, além da atuação soberana do Espírito
Santo no mundo, na igreja passa a existir uma conscientização profunda de sua
missão; isto é, a missão integral de servir o mundo evangelística e
socialmente. No avivamento a igreja vive a missão para a qual foi chamada.
Vidas são alcançadas, pessoas transformadas. Acertadamente o Dr. Heber Carlos
de Campos disse: "o avivamento começa na igreja e termina na comunidade
maior onde ela vive. Os efeitos do avivamento são muito mais perceptíveis nas
mudanças morais que acontecem na região ou num país onde ele acontece”.
Em tópico anterior destacamos alguns
avivamentos ocorridos no período do Antigo Testamento, porém agora vamos
destacar alguns avivamentos ocorridos no século XIX. No século XIX alguns
homens foram instrumentos de Deus para liderar grandes avivamentos. Vejamos:
Charles
G. Finney foi poderoso na Palavra, na oração e no testemunho. Viveu nos Estados
Unidos. Sob a influência de sua pregação, igrejas foram renovadas, nasceram
novas comunidades, pessoas deixaram vícios, etc. No livro Heróis da fé de
Boyer, p. 117, falando desse gigante da fé Charles Finney diz acerca de seu
método de trabalhar, ele escreveu:
“Dei grande ênfase à oração como indispensável, se realmente queríamos
um avivamento. Esforçava-me por ensinar a propiciação de Jesus Cristo, sua
divindade, sua missão divina, sua vida perfeita, sua morte vicária, sua
ressurreição, a necessidade de arrependimento e de fé, a justificação pela fé,
e outras doutrinas que se tornaram vivas pelo poder do Espírito Santo. Os meios
empregados eram simplesmente pregação, cultos de oração, muita oração em
secreto.... Boyer 2002, p. 117.
Charles H. Spurgeon (1834-1892) foi
professor de crianças na EBD e viu muitos pais se converterem com o testemunho
dos filhos. Spurgeon foi poderoso na pregação. Sinais e prodígios eram comuns
em suas reuniões. Esse avivamento iniciou-se na Inglaterra e alcançou outros
países. Boyer também descreve a vida desse que foi considerado o príncipe dos
pregadores, Boyer escreve:
“O
príncipe dos pregadores” era, antes de tudo, “o príncipe de joelhos”. Como
Saulo de Tarso, também entrou no reino de Deus agonizando de joelhos. No caso
de Spurgeon, essa angústia durou seis meses. Depois (assim aconteceu com Saulo)
a oração fervorosa virou um hábito na sua vida. Aqueles que assistiam aos
cultos no grande Metropolitan Tabernacle diziam que as orações eram a parte
mais sublime do culto”. Boyer 2002 p. 193.
Dwight L. Moody viveu de 1837 a
1899, nos Estados Unidos da América. Calcula-se que cerca de 500 mil pessoas se
entregaram a Cristo por seu intermédio. Dedicou-se a EBD. Começou com 12
crianças e, em poucos anos, esse número chegou a 12 mil. Boyer, 2002 traz uma
clara visão do êxito de Moody.
Ao
contemplar o êxito de Dwight L. Moody, somos constrangidos a acrescentar: Quem
pode calcular as possibilidades de um filho criado num lar onde os pais amam
sinceramente ao Pai celestial a ponto de chamar diariamente todos os seus
filhos para escutarem a sua voz na leitura da Bíblia e reverentemente clamarem
a Ele em oração? Boyer, 2002 p. 210.
O que queremos é que a igreja
perceba é que a essência, ou seja, a característica básica, central para que
aconteça o derramar do poder de Deus para um grande avivamento, é os crentes
busquem, desejem, orarem por um avivamento, santifique a própria vida “Josué
ordenou ao povo: “Santifiquem-se, pois amanhã o Senhor fará maravilhas entre
vocês” (Js. 3. 5) NVI. Um avivamento só pode acontecer na vida de um crente
ardoroso e desejoso de receber renovação de Deus, pelo Espírito Santo orando
incessantemente e santificando sua vida.
Duewel, (1995) p. 115 – 117, em seu
belíssimo livro o Fogo do Reavivamento nos conta uma história que ilustra bem
quando um homem busca o mover de Deus, em meio do povo na busca por um
avivamento, estamos falando de Jeremiah Lamphier.
Um calado homem de negócios de 46
anos, de Nova Iorque, foi nomeado em 1º de julho de 1857 como missionário para
a igreja Holandesa na cidade de Nova Iorque, Jeremiah Lamphier havia-se
convertido em 1842 no Tabernáculo da Broadway, igreja de Finney construída em
1836.
Lamphier sentiu-se guiado por Deus
para começar uma reunião de oração semanal, ao meio dia, da qual os negociantes
pudessem participar. Quem quisesse podia comparecer, seja por alguns minutos
seja durante uma hora inteira. As orações deveriam ser comparativamente breves.
Lamphier imprimiu folhetos anunciando as reuniões com o título: “Com que
frequência Devemos orar? Ele distribuiu
em alguns escritórios e armazéns. Também afixou um na porta da igreja do lado
que dava para a rua.
No primeiro dia, 23 de setembro de
1857, Lamphier orou sozinho durante meia hora. Mas, no fim de uma hora, seis
homens de pelo menos quatro denominações uniram-se a ele. Na quarta-feira
seguinte havia sete. A 7 de outubro já eram quase quarenta. A reunião foi tão
abençoada que eles decidiram encontrar-se diariamente. Uma semana mais tarde
havia mais de cem presentes, incluindo muitos indivíduos não salvos que foram
convencidos do seu pecado pelo Espírito Santo.
Dentro de um mês os pastores que frequentaram as reuniões de oração ao
meio dia na rua Fulton começaram reuniões matinais de oração em suas igrejas.
Em breve os locais em que as reuniões se realizavam ficaram superlotados.
Homens e mulheres, jovens e velhos de todas as denominações reuniam-se e oravam
juntos sem distinção.
Os
jornais começaram a mencionar as reuniões, dentro de três meses, reuniões
similares haviam brotado em todo o país. Milhares começaram a orar nesses
cultos e em suas próprias casas. Os três cômodos da igreja da rua Fulton
ficaram superlotados e centenas tiveram de ir a outros lugares. Em princípios
de fevereiro, uma igreja metodista foi aberta e logo encheu-se de gente. Os
balcões ficavam repletos de senhoras. A 19 de março, um teatro foi aberto para
as reuniões de oração e uma hora antes de começarem, pessoas tiveram de ser
mandadas embora. Centenas ficavam nas ruas por não poder entrar. Em fins de
março, mais de seis mil pessoas reuniam-se diariamente para orar na cidade de
Nova Iorque. Em pouco tempo, havia 150 reuniões conjuntas de oração.
As
reuniões começaram em fevereiro, na Filadélfia. Em breve o Jayne’s Hall estava
superlotado e reuniões eram realizadas ao meio dia, todos os dias, nos salões
públicos, salões de concerto, corpo de bombeiros, casas e tendas. Toda a cidade
transpirava um espírito de oração.
Contudo,
uma história mais próxima de nós é a história do Avivamento Pentecostal que
aconteceu em 1906 na rua Azusa. Em 1905, um pequeno grupo de crentes
afro-americanos, famintos por avivamento, foram expulsos da Segunda Igreja
Batista de Los Angeles. Eventualmente, eles começaram a se reunir em uma casa
na Rua Bonnie Brae, onde os sinais de avivamento e manifestações espirituais
começaram a juntar um crescente número de participantes. O improvável líder
desse grupo foi um humilde, não muito estudado, filho de ex-escravos, chamado
William Joseph Seymour. Para Seymour, a mensagem da hora era o renovo de
Pentecostes, evidenciado pelo enchimento do Espírito Santo.
O
pastor Seymour e mais sete pessoas reuniram-se para orar e buscar a plenitude
do Espírito Santo, na noite de 6 de abril de 1906. Os sete foram batizados com Espírito
Santo com a evidência de falar em outras línguas. Três dias depois, Seymour
recebeu o mesmo batismo de poder. Como a mensagem do fogo do avivamento começou
a se espalhar pela cidade de Los Angeles, os crescentes ajuntamentos
superlotaram a casa da Rua Bonnie Brae. A necessidade de um lugar maior
tornou-se evidente.
Finalmente,
um prédio desocupado em mal estado na Rua Azusa nº. 312 foi localizado e
alugado. Ainda que o local tenha sediado, anteriormente, a Igreja Metodista
Episcopal Africana, a estrutura de dois andares já bem desgastada estava sendo
usada por um construtor como depósito de materiais de construção, estábulo para
animais e feno. Mas em questão de alguns dias, com serragem no chão, forro de
palha ao redor do altar e duas caixas de sapato como púlpito, o primeiro culto
na Missão da Rua Azuza aconteceu no dia 14 de abril de 1906[1].
É
impressionante estas histórias, pois elas nos apontam para a realidade de que
se nós quisermos, podemos buscar e assim como Deus fez no passado pode fazer
ainda hoje, pois, Ele não mudou. A grande diferença entre aquelas pessoas e nós
e hoje é que atualmente não queremos muitos sacrifícios, queremos poder, prosperidade,
ação divina em nosso meio, porém não estamos dispostos a pagar o preço em
oração. No início do livro de Atos 1.14 a bíblia nos diz: “Todos estes
perseveravam unanimemente em oração e súplicas, com as mulheres e Maria mãe de
Jesus, e com seus irmãos”. A importância da oração para ocorrer um
avivamento espiritual é sobremaneira relevante. Isto fica muito claro quando
lemos o livro de Atos dos apóstolos que nos conta a história dos 30 primeiros
anos da história da igreja, a igreja nasceu com intensa oração e persistiu em
orar.
Em
Atos 2.42 o texto diz que a igreja era uma igreja que orava. Ela dependia mais
de Deus do que dos seus recursos. Observe:
a) Atos
1. 14 – Todos unânimes perseveravam em oração;
b) Atos
3. 1 – Os líderes da igreja vão orar às três horas da tarde;
c) Atos
4. 31 – A igreja sob perseguição ora, o lugar treme e o Espírito Santo desce;
d) Atos
6. 4 – A liderança da igreja entende que a sua maior prioridade é a oração e a
Palavra;
e) Atos
9. 11 – O primeiro sinal que Deus deu a Ananias sobre a conversão de Saulo é
que ele estava em oração;
f) Atos
12. 5 – Pedro está preso, mas há oração incessante da igreja em seu favor e ele
é liberto miraculosamente;
g) Atos
13. 1 – 3 – A igreja de Antioquia ora e Deus abre as portas das missões
mundiais;
h) Atos
16. 25 – Paulo e Sila ora e Deus abre as portas da Europa para o evangelho;
i) Atos
20.36 – Paulo ora com os presbíteros da igreja de Éfeso na praia;
j) Atos
28. 8-9 – Paulo ora pelos enfermos na ilha de Malta e Deus os cura.
Nosso grande problema
hoje é que se fala muito em oração e se ora tão pouco, estamos carregados de
atividades e ainda dizemos: “não me sobra tempo para orar e ler a Bíblia”!
Contudo, as estatísticas apontam que cada vez mais estamos sintonizados nas
redes. Que coisa hein!
Portanto, querer
vivenciar um avivamento é bom e muito interessante e necessário, agora
vivenciar e participar de um real e verdadeiro avivamento é muito melhor,
contudo, para que isto ocorra a parte humana num avivamento não é só receber,
mas sim buscar intensamente, ardorosamente em oração e santificação, estamos
dispostos a pagar este preço?
Se tem algo em que a cristandade está
claramente ciente é da guerra espiritual que todos os cristãos enfrentam (cf.
Ef. 6. 10 -20). Nosso proposito neste tópico não é tratar exatamente deste
conflito, mas apontar para alguns elementos que nesta batalha que também são
empecilhos tanto na nossa consagração ao Senhor como também na busca de um
glorioso avivamento espiritual na contemporaneidade. D. Martyn Llyod Jones,
(1992), p. 12 declara: “A Igreja é constituída de tal forma que cada membro é
importante, e sua importância é vital. Por isso também chamo sua atenção para
este assunto, em parte porque sinto que há uma curiosa tendência, hoje em dia
(1952), de membros da Igreja Cristã sentirem e pensarem que podem, por si
mesmos, fazer muito pouco, e assim tendem a depender de outros para fazerem
tudo por eles. Isto, naturalmente, é algo que é característico da vida moderna...
houve uma época em que as pessoas providenciavam seu próprio entretenimento,
porém hoje dependem do rádio e da televisão para se distraírem. E receio que esta
tendência está se manifestando até mesmo na Igreja Cristã. Dia a dia é mais
evidente que a grande maioria está simplesmente cruzando os braços e esperando
que uma ou duas pessoas façam tudo que é necessário. Ora, obviamente isso é uma
negação completa de tudo que o Novo Testamento apresenta a respeito da doutrina
da Igreja como o Corpo de Cristo, em que cada membro tem responsabilidades, tem
uma função, e é de importância vital”.
Apesar
dessa análise de D. Jones ter sido feita na década de 50 no milênio passado,
chamamos a sua atenção para alguns fatos que ainda ocorrem nos dias de hoje
pleno XXI. Muitos cristãos acham que o avivamento irá acontecer se o pastor ou
os obreiros da casa do Senhor orarem mais fazerem mais na obra de Deus, porém
avivamento como já dissemos pode ter início com um grupo de crentes ou até
mesmo com um crente desejoso que o busque de coração por um avivamento. Na era da
modernidade as pessoas se encantaram com o rádio depois Tv, entre outras coisas
e o foco de muitos crentes também mudou. Na chamada atualmente era da
pós-modernidade muitos crentes também tem se encantado com a internet, e as
redes sociais, etc., se esquecendo que a obra de Deus ainda é: “...ide por
todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc. 16.15). Outro tanto
de crentes, se lamentam dizendo: eu não sou nada sou pequeno etc., isto só
porque talvez não fazem parte do corpo de obreiros de uma igreja e acabam por
se isentar de suas obrigações no reino de Deus. Deixam de se envolver com as
coisas do céu e passam a ficar com a cabeça nas coisas da terra. Estes
necessitam abraçar o conselho de Paulo aos Colossenses: “Portanto, se já
ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está
assentado. Pensai nas coisas que são de cima e não nas que estão na terra...”
(Col. 3. 1 -2) ARC.
Quando falamos em
empecilhos para o avivamento queremos destacar alguns já conhecidos no contexto
da batalha espiritual, mas que também são impedimentos para o avivamento
espiritual tanto individual quanto coletivo, são eles: incredulidade, impureza
doutrinária, ortodoxia defeituosa, ortodoxia morta e a inércia espiritual. Não
temos espaço aqui para tratar de todos esses empecilhos, mas, vamos destacar
dois desses empecilhos são eles: a incredulidade e a inércia espiritual.
Incredulidade,
segundo Douglas, (1995), p.744, é expressa por meio de dois vocábulos gregos no
Novo Testamento, apistia e apeitheia. A palavra apeitheia denota
invariavelmente a desobediência, a rebelião e a contumácia. Assim sendo, Paulo
ensina que os gentios alcançaram misericórdia por causa da rebelião dos judeus
(Rm. 11.30). Essa desobediência se origina da apistia, falta de fé e
confiança. A apistia é um estado de mente, enquanto a apeitheia
é a sua expressão. É impressionante, o estado de falta de fé e confiança que
a igreja do século XXI tem vivido em relação a um avivamento espiritual, os
comentários que ouvimos hoje é: está difícil, o povo não quer saber de nada, a
igreja esfriou, os obreiros são isso e aquilo, o pastor é assim o ministério é
assim etc., quando não a tônica é a teologia da prosperidade com o lema “pare
de sofrer”. Não se vê uma perspectiva de
renovação, uma buscar de poder, estamos frequentemente tratando somente de temas
relacionados ao sofrimento ou algum tema moral e isto tem se alastrado pelas
igrejas.
Alguns
desses temas são reais e importantes? Sim, são, porém diante da situação de um
esfriamento espiritual do qual estamos passando, precisamos começar a enfatizar
mais o poder renovador de Deus através do Espírito Santo, o poder do reavivamento
que o Senhor pode realizar na vida dos crentes e na igreja, como já ocorreram
em épocas distintas na história da igreja. A grande questão é que muitos já não
creem (incredulidade) num possível avivamento espiritual para a igreja nos dias
atuais. Jones (1992), p. 37 argumenta:
“o encobrimento e a negligência de certas verdades, e de certos aspectos da
verdade cristã, sempre tem sido a principal característica de cada período de
decadência na longa história da igreja cristã”. Estamos vivenciando um momento
desses, falamos de santidade, obediência, milagres, prosperidade, porém
negligenciamos em deixar falar de incentivar o povo e a nós mesmos de buscar o
poder renovador, restaurador de Deus que ainda está disponível ao seu povo.
Falamos de céu, porém não falamos que Deus que nos prometeu o céu é poderoso e pode
derramar um poder renovador tal que milhares de almas venham a ser alcançadas e
se converterem ao Senhor.
Muitos
já desistiram de buscar uma renovação espiritual, ainda querem defender sua letargia
dizendo: “é a Bíblia diz que nos últimos dias o amor de muitos esfriaria”, isto
está escrito na Bíblia? Sim está, contudo, quem nos garante que verdadeiramente
somos nós a geração dos últimos dias, quantas vezes na história da igreja uma
geração se sentiu como sendo a derradeira, mas, não foi? Precisamos
verdadeiramente, ter à disposição para batalhar pela fé que uma vez foi dada
aos santos. E mesmos que sejamos está geração do tempo dos fins, Deus é
poderoso para nos presentear com o que poderá ser chamado de o Pentecostes dos
últimos dias da igreja de Cristo na terra, você crê nisto?
A inércia tem sido
outro fator de impedimento a um avivamento espiritual. Infelizmente, milhares
de crentes não tem conseguido reagir, estão parados apáticos apenas assistindo
a história da vida passar diante de seus olhos. A inércia espiritual se dá a
partir do momento que deixamos de crer e confiar nas promessas de Deus e
abandonar o propósito de Deus para com a igreja na terra revelada em sua
palavra, que é a evangelização dos povos e crer que Deus está no controle. Não
obstante, o objetivo de um avivamento é despertar a igreja para sua missão na
terra anunciar a salvação do homem por meio de Cristo. O primeiro resultado da
inércia espiritual é o abandono total ou quase total da vida de oração e de
testemunhar aos não crentes. É fácil perceber o esfriamento espiritual, pois, o
primeiro sintoma que ocorre na vida da igreja é a baixa ou quase total adesão a
oração.
Jones,
(1992), p. 95 aborda da seguinte forma a questão da inércia na vida de oração
de muitos crentes: “temos muitas pessoas nas nossas igrejas, que frequentam com
regularidade exemplar, especialmente se temos grandes concentrações (festas),
porém que simplesmente nunca compareceram às reuniões semanais de oração”. Ele
ainda destaca um motivo: “Se tivéssemos um verdadeiro fardo (amor) pelas almas,
estariam ali orando regularmente, na prosaica reunião de oração. Esse é o
teste. O homem que realmente tem um fardo pelas almas é um homem que se sente
pressionado por esse fardo, e o fardo o pressiona a cair de joelhos e buscar a
presença de Deus. Sua atividade suprema é a oração. Ele faz outras coisas, é
claro, porém, a coisa principal e vital para ele é a oração”. Por conseguinte,
se quisermos vivenciar um avivamento espiritual, para que milhares venham ao
conhecimento da verdade e sejam salvos (cf. Tm. 2. 4), precisamos nos voltar a
oração constante, incessante, pois só assim o verdadeiro avivamento ocorrerá.
Segue na próxima postagem.
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